A criação de uma rede de municípios com tradições tauromáquicas em Portugal vai estar em debate, na sexta-feira e no sábado, no Sabugal, durante as jornadas “Pensar a Tauromaquia em Portugal – Diversidade, Valorização, Sinergias”, promovidas pela autarquia.
As jornadas vão realizar-se no auditório municipal do Sabugal, com a participação de investigadores e representantes de nove municípios, que abordarão as diversidades das tauromaquias populares de Portugal e de Espanha.
“Acredito que estas jornadas serão o primeiro passo para a criação de uma rede de municípios com tradições tauromáquicas”, disse hoje à agência Lusa o autarca António Robalo.
No caso do Sabugal, o presidente da Câmara lembrou que existe a tradição da capeia arraiana, com utilização do forcão (estrutura triangular em madeira suportada por um grupo de homens que enfrenta as investidas do touro), que constitui “um elemento identitário das populações da raia sabugalense”.
São esperados nos trabalhos representantes dos municípios de Azambuja, Alter do Chão, Moita, Angra do Heroísmo, Barrancos, Alenquer, Coruche, Montalegre e Ponte de Lima.
Segundo a autarquia, além da capeia arraiana, serão abordadas manifestações populares dos Açores (tourada à corda), Montalegre (chegas de bois), Ponte de Lima (vaca das cordas), Barrancos (touros de morte), Ribatejo e vale do Tejo (esperas de toiros), entre outras.
“Fator de identidade cultural, a tauromaquia popular faz parte do Património Cultural Imaterial de muitas comunidades”, lembra a organização, acrescentando tratar-se de uma manifestação cultural “fortemente enraizada” no país, com formas muito diferenciadas e especificidades muito próprias.
As jornadas são organizadas numa época de grande contestação às atividades tauromáquicas, assumindo o autarca do Sabugal que o encontro também pretende “desmistificar” a ideia do sofrimento dos animais.
Quanto às práticas tradicionais do seu concelho, observou que “não têm como objetivo tratar mal o animal” e não têm tido contestação.
“A única vez que vemos alguma contestação é no Campo Pequeno, na capeia anual, mas creio que [os contestatários] estarão lá todos os dias quando há algum evento tauromáquico”, disse António Robalo.