Opinião – Passos Coelho:silêncio sobre a “dança do pote”!

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José Junqueiro

A ex-festa da “rentréepolítica do PSD já não é o que era. O próprio Marcelo criticou o facto de Passos Coelho se esconder, porque isso revelava fraqueza política. O essencial, no entanto, é o que foi dito e tudo aquilo que ficou por dizer.

Nesse dia as notícias do INE não foram boas. A quebra do pib em 3,3% foi pior do que nos trimestres anteriores, a recessão está mais acentuada por ausência de investimento e, na frente externa, a “melhoria” é pelos dois piores motivos: desaceleração das exportações e queda das importações por redução dos rendimentos.

O pib do 1.º trimestre de 2012 e o do 4.º de 2011 foram revistos em baixa. Conclusão: a economia está pior do que constava e, segundo o Eurostat, no 2.º trimestre Portugal é o país com a maior queda em cadeia de toda a europa. Sobre isto Passos Coelho nada disse.

Decidiu falar contra os privilégios, o amiguismo, e dirigiu um feroz ataque ao governo anterior, a todo o PS. Falou mesmo em “regabofe”. Alimentou, pois, a sua “ventoinha”. Vamos então às questões.

O que disse Passos Coelho sobre a venda do BPN, da EDP, da privatização da TAP, da RTP, com assessoria de escritórios de advogados, amigos, sobre a nomeação de autarcas incumpridores para administradores das Águas de Portugal, das 3200 nomeações, 1267 das quais para altos cargos, sem concurso (apesar do governo ter APROVADO uma lei que REPROVA esta atitude). E sobre Eduardo Catroga, a sobrinha-neta do mesmo? É este o “regabofe” de que falou? Passos Coelho nada disse.

E sobre as insolvências recorde (Portugal lidera a tabela mundial de risco de insolvência de empresas), sobre uma criminalidade violenta nunca vista (aumentou em 50% o número de assassinatos no 1.º semestre), sobre uma dívida pública em máximos históricos, um défice descontrolado, o confisco de subsídios (não estavam no memorando), o óbito da economia ou a recessão sem precedentes? Passos Coelho nada disse.

E sobre o empobrecimento vertiginoso, os mais 205 mil portugueses e incluindo mais 27 mil licenciados sem emprego, desde há um ano, atingindo o pior resultado de sempre no desemprego, quebrando a barreira dos 15%? Passos Coelho nada disse.

Neste cenário “Aquashow”, para espanto geral, saiu da sua “cartola” com a promessa de que a crise terminaria em 2013 e Portugal iria crescer. Vítor Gaspar deve ter ficado sem “ar”! Todas as figuras de topo do seu partido e comentadores disseram-lhe que foi imprudente. António Capucho referiu naquela noite que Passos Coelho nada tinha dito de novo. Concordo com ele, mas deu espetáculo, sendo que o número mais apreciado, para além do “vamo-nos ao arroz”, foi o do silêncio sobre a “dança do pote”!

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