Opinião – Os especuladores financeiros e a Europa

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Luís Vilar

 

Nos últimos meses, os noticiários, as notas das “agências de rating”, a tensão política no Irão, a tribalização na Líbia, os golpes militares no Mali e na Guiné-Bissau, a situação muito pouco clara no Paraguai, entre outros, vêm demonstrar-nos que o capital especulativo, sem Pátria e sem Religião, está , na sua óptica, a fazer o seu melhor trabalho de sempre.

Consequentemente, os efeitos começaram a fazer-se sentir na Zona Euro, esvaziando a Europa de qualquer influência geopolítica em termos mundiais. Mais grave, as políticas de Países soberanos estão a ser substituídas por regras impostas pelos “mercados globais”.

É evidente que, os principais culpados desta situação, são os dirigentes europeus que, desde a crise dos EUA (há 5 anos: 2007 ), não souberam ou não quiseram tomar as medidas adequadas.

Estiveram sempre nestes últimos quase 6 anos a gerir crises e conflitos em vez de tomarem atitudes e posições pró-activas. Importa realçar que esta forma de governar: “a gestão de crises e conflitos”, não é nova.

Teve o seu início logo no fim da 2ª Guerra Mundial através da “Guerra Fria” que mantinha a política dos dois Blocos e que manteve a Europa dividida e, após a queda do muro de Berlim, o capital especulativo não poderia deixar que continuasse, porque é nesse sistema que obtêm lucros escandalosos. Daí que tivesse surgido a guerra do Iraque, sem nunca se terem descoberto as “perigosas” armas de destruição maciça, como os EUA à época afirmaram, para não terem de obedecer aos órgãos das Nações Unidas.

A demonstrar esta minha conclusão, o Mundo assistiu à morte de dois grandes Estadistas, sem que nunca se soubesse, apesar dos meios que existem, quem foram os mandantes desses dois assassinatos. Refiro-me a John Kennedy e a Olafe Palme.

Dito isto, é bom que se diga como se poderão combater democraticamente este estado de coisas.

Se a introdução da moeda única (o euro) se fez só politicamente, esperando que os mercados resolvessem as situações económica e financeira, está hoje demonstrado que os mercados, só por si, são muito permissivos ao capital especulativo e, por isso mesmo, esta noção faliu na sua totalidade, em particular por três ordens de razão:

1. Faltou fiscalização dos Bancos Centrais dos estados-membros e do próprio Banco Central Europeu;

2. Porque a uma política financeira comum, obrigatoriamente, têm de existir outras medidas económicas comuns;

3. Porque, no facilitismo de uma moeda única forte, os Governos dos Estados-membros deixou criar défices públicos. Mas, falemos claro, com a anuência da Comissão Europeia.

A nível europeu nenhum País Soberano pode estar descansado, porque se hoje já estão 30% dos Países resgatados, não é menos verdade que as famosíssimas “agências de rating” e os “mercados especulativos” já puseram a Holanda, o Luxemburgo e a própria Alemanha em “observação negativa”.

Era previsível e, eu próprio, citando Bertold de Brecht, escrevi-o num artigo então publicado.

Poderemos ainda ir a tempo de combater esta crise na Europa, assim surjam Estadistas de todas as famílias políticas que queiram pôr as Pessoas como alvo principal das Políticas financeiras e Económicas.

Se tal não se verificar, em vez de 30% de Países resgatados, passaremos a ter 50% e, nessa altura, com uma recessão europeia em que o poder de compra da classe média deixa de existir, o Grande Mercado Europeu deixará de existir e, como tal, o Euro acabará sem deixar qualquer saudade.

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