Opinião – Boa notícia para as artes e para Coimbra

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Mário Nunes

 

No pretérito dia 27 de Julho “as Beiras”, noticiava pelo texto de António Rosado: “Escola de Artes nasce em Coimbra a partir do 2º.ciclo”. Uma informação detalhada que registámos com agrado, uma boa notícia para as artes, para Coimbra e para a região, dando conta do “sonho” de há muitos anos: criar um empreendimento cultural/artístico/pedagógico desta temática.

Duas instituições com pergaminhos sólidos no ensino dão o seu contributo para concretizar o projeto: Conservatório de Música de Coimbra e Escola Secundária da Quinta das Flores. Ambas instaladas num terreno airoso, quais irmãs-gémeas nascidas no mesmo chão. As duas instituições, através dos seus diretores, Drs. Manuel Rocha e Sobral Henriques, têm desenvolvido frutuosas reuniões e partilhado o mútuo anseio de fundir os estabelecimentos, resultando deste abraço, uma única estrutura de ensino. Rejubilámos, também, culturalmente, ao lermos que a escolha do patrono para a Escola de Artes, recaíra no ilustre cravista, organista e compositor conimbricense do século XVIII, Carlos Seixas. Homenageado pela Câmara Municipal e Universidade de Coimbra, em 2004, nos 300 anos do seu nascimento (nasceu 11/6/1704 ), foi sugerido, então, o seu nome para o organismo da música. A confirmação do seu valor, surge agora, graças à determinação destes dois homens do ensino e da cultura.

No diálogo do jornalista com os diretores, ficámos a saber que o modelo a pôr em prática, contempla que os alunos entre o 5º e o 9º ano de escolaridade tenham um ensino com a música, dança, artes plásticas e teatro integradas no plano curricular. Mais, os responsáveis ambicionam que a escola seja de âmbito regional, uma realidade educativa que, Manuel Rocha já sublinha num seu artigo publicado na revista “Rua Larga”, de Fevereiro de 2011, ao analisar o trabalho na região norte do Conservatório de Braga: “trilha esse caminho, constituindo-se (bom) exemplo da importância que a consolidação de uma caraterística definidora – a de escola artística – assume no tecido educativo da região em que desenvolve atividade”. E, da iniciativa para Coimbra, Manuel Rocha adianta que” houve o esforço mútuo de interligação entre ambas, tanto no plano pedagógico como no plano da partilha do excelente equipamento edificado/recuperado no Vale das Flores”. E, este querer alimenta-se ao equacionar o projeto para regional, porquanto cerca de metade dos 700 alunos do Conservatório não frequenta escolas de Coimbra, vindo de todos os concelhos do distrito e de distritos contíguos. Perante a abertura dos dois estabelecimentos escolares para criar uma nova estrutura, verificamos que sendo o Conservatório, enquanto estabelecimento público do ensino especializado da música, uma das seis escolas públicas do país, tem todo o sentido a ideia dos promotores, que não seja apenas local, mas possua uma abrangência regional.

A rematar este último texto antes de férias, divulgamos que a criação do Conservatório de Música de Coimbra resulta da Portaria publicada no Diário da República de 5/9/1985, corolário da reivindicação surgida depois do 25 de Abril de 1974, em que se empenharam docentes, pais, alunos e políticos locais. A Casa da Cerca de São Bernardo, primeira morada do Conservatório, iniciou um percurso que chegou ao moderno edifício do Vale das Flores, a única casa das cinco, como referiu Manuel Rocha, onde não se aparafusou a placa de latão com os dizeres “Instalações provisórias”, depois de passar por espaços da Universidade, da Igreja, do Município e do Estado.

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