Joaquim Valente
Foi na Convenção do Património Mundial da Unesco em 1972 que o conceito património cultural passou a ser considerado como o “conjunto de edificações, as quais pela sua arquitectura, homogeneidade ou localização na paisagem, sejam de relevância universal do ponto de vista da história, da arte ou das ciências”, abrangendo não apenas os bens materiais como também os imateriais.
Património cultural tem um significado amplo incluindo produtos do sentir, do pensar e do agir humanos, incluindo os bens tangíveis e também os intangíveis, um emaranhado de evidências e valores que precisam de ter dinâmica própria.
Hoje o património cultural cruza-se com a atividade turística, e é tanto mais importante quanto a nível nacional e internacional há um nicho de mercado crescente para conhecer o legado cultural de cada país.
Para a identidade cultural contribui necessariamente o património que funciona como elemento que fortalece a sua identificação com a comunidade, cultura e tradição e que funciona ao mesmo tempo como elo de ligação entre passado e presente e instrumento de coesão e sentimento de pertença e continuidade histórica e a construção de uma base cultural sólida é um passo importante para o desenvolvimento de um turismo sustentável.
Para um bem cultural se ver, se sentir e se usar, deve ser vivida pelos seus habitantes e hoje a gestão da cultura, é uma questão dos cidadãos organizados, tendo em vista uma maior civilidade e desenvolvimento pessoal.
Às autarquias o governo central pede que liderem a edificação e a manutenção dos aspectos culturais da cidade, mobilizando todos os sectores interessados, propondo soluções e dando respostas, num papel de agentes dinamizadores.
Por isso o Município da Guarda de 19 de Junho a 31 de Agosto numa produção da Culturguarda promove visitas encenadas ao espaço do Centro Histórico onde se mantém ainda viva a presença Judaica na cidade e onde diariamente os visitantes são convidados a assistir a uma história ficcionada percorrendo as ruas, observando as casas e os altares, escutando os hábitos e as perseguições dos Judeus que viveram na cidade.
Aqui deixaram importantes marcas que são visíveis e pretendendo-se ao mesmo tempo chamar a atenção para uma comunidade que tanto contribuiu para o desenvolvimento local e nacional do ponto de vista económico e cultural.
Parafraseando o mote destes “Passos à Volta da Memória” III: – “Seja bem vindo quem vier por bem”!
Quero aqui deixar registado o meu testemunho sobre Sua Reverendíssima D. Albino Cleto, bispo Emérito de Coimbra, natural de Manteigas, Distrito da Guarda, falecido no dia 16 de Junho.
É difícil traduzir a emoção pessoal e a sentida homenagem que todos, e em particular os seus conterrâneos lhe prestaram, naquilo que foi o derradeiro adeus!
Presencialmente todos unidos num sentimento misto de tristeza e de dor vimos partir cedo de mais D. Albino Cleto, que nos habituamos a ter como referência religiosa, intelectual, social, política e acima de tudo o Homem pleno de Humanismo Cristão, que amava e tinha orgulho nas suas raízes e nas suas gentes.
Obrigado D. Albino pelo exemplo de grandeza espiritual que nos deixou para sempre.