Opinião – Um retrocesso surpreendente

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José Couto

A região Centro voltou a readquirir a liderança na cobertura das importações pelas exportações e desempenha um papel importante na articulação dos fluxos logísticos nacionais. Apresenta um potencial enorme na promoção de uma oferta logística competitiva que pode contribuir para a fixação de novos investimentos.

É hoje consensual a necessidade de desenvolvimento de uma cultura exportadora. É igualmente aceite que os custos logísticos desempenham um papel central na formação do preço final das nossas exportações.

Finalmente, todos reconhecem a importância para os territórios, para o seu desenvolvimento, da existência de redes de infraestruturas logísticas eficientes, que promovendo a intermodalidade contribuam para a competitividade das empresas e portanto, para a sua própria atratividade.

Neste domínio, uma gestão das infraestruturas que permita valorizar o enquadramento territorial é fundamental. Está em curso um processo que poderá conduzir a uma nova configuração organizativa dos portos que pode levar à fusão dos portos de Aveiro, Figueira da Foz, Leixões, Viana do Castelo e Lisboa.

Salvo melhor opinião, esta iniciativa, a ser tomada, produzirá efeitos precisamente opostos aos objetivos preconizados, nomeadamente no que respeita à dinamização do crescimento por via da criação de condições para a melhoria do desempenho das nossas exportações.

Estamos convictos, o CEC/CCIC, os seus Associados, as empresas utilizadoras das estruturas portuárias e os agentes económicos com atividade ligada aos portos, que o Centro perderá potencial competitivo.

Os portos, como pontos de saída das nossas exportações, servem a economia nacional, providenciando e potenciando a sua competitividade. Aveiro e Figueira têm feito um bom trabalho. Trabalho que se perderá se a pretendida fusão avançar…

Sem a concorrência entre os diferentes portos, sem os ganhos decorrentes da disputa entre as diversas empresas privadas que neles operam, perder-se-ão os benefícios que resultam para as empresas exportadoras, nomeadamente nos planos da eficiência, ou da pressão sobre os preços praticados pelas operações portuárias.

A fusão diminuirá potencial exportador da região Centro e a sua capacidade de acolher investimentos. Não se compreendem, portando, os benefícios da fusão. A fusão das administrações portuárias diminuirá, ou mesmo eliminará, a sã concorrência, passando os portos a ser geridos por entidades centralizadoras de decisões administrativas.

Será um retrocesso… Mas ainda mais inesperado é o facto de tudo se fazer sem consultar, sem ouvir, a opinião dos agentes económicos da região – é na verdade surpreendente.

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