Opinião – O desastre do campeonato tem sido a comunicação

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Luís Santarino

A sério, mesmo a sério, o meu objectivo durante o campeonato do “pontapé na bola”, era ficar mudo e quedo, apreciando tão só os que são capazes de transformar o futebol em arte. Sim, em arte, escusam alguns de “abrir a boca de espanto”, pois tal qual um amigo de longa data já falecido e intelectual de elevada craveira, dizia que tudo o que se faz bem, é arte!

Eu gosto de tudo o que é bem feito, embora reconheça que nem sempre é possível. Um atleta, embora sendo o melhor do mundo, nem sempre está de “maré”! Para colmatar essa dificuldade existe o colectivo. Foi o que aconteceu até esta fase do Campeonato da Europa. O colectivo esteve bem e depois o melhor do mundo “abriu o livro” e zás… quando deram conta “já lá os tinham”!

O desastre deste Campeonato tem sido a comunicação social.

O problema da idade, maior problema, é que não nos esquecemos de um passado recente. Os jornalistas desportivos até meados dos anos 80 eram considerados “os pobres coitados”, o “parente pobre” do jornalismo. A intelectualidade jornalística afirmava a plenos pulmões, que não se misturava com malta ignorante e analfabeta.

Mas o futebol passou a ser, com a concorrência dos vários meios de comunicação social, uma actividade apetecível.

Os jornalistas desportivos passaram a ser olhados de outra forma, passaram a líderes de opinião ultrapassando mesmo os limites do futebol, deixaram de ser os tais “pobres coitados” da comunicação social.

O futebol passou a ter uma dimensão tal, que os jornais desportivos passaram a ser editados diariamente. Um fenómeno ainda não percebido que urge estudar, até porque são os de maior tiragem.

Claro que, como tudo na vida, o que se deixa vulgarizar e banalizar dá em asneira. O que em tempos era uma actividade jornalística de elevada qualidade, hoje traduz-se por uma falta de qualidade gritante.

Ainda não percebi se os verdadeiros culpados são os próprios, ou quem os “manda”…ou os dois!

Uma conferência de imprensa de um atleta da nossa selecção é algo de inimaginável. Percebe-se que nada foi preparado, que as perguntas rodam pelos mesmos assuntos, sem a mínima imaginação e pior, sem colocar as questões de forma a obrigar a respostas diferentes.

Da mesma forma, alguém tem de ensinar treinador e atletas como se reage nas mais variadas situações.

Nota-se à “vista desarmada” que são, somos, os melhores da Europa e talvez do Mundo quando é necessário meter a bola na baliza.

A federação Portuguesa de Futebol deverá também, ela própria, preocupar-se em estudar a melhor forma de comunicar.

Só falta isso… porque de resto, somos admiráveis!

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