Cerca de 200 estudantes acenderam esta quarta-feira 880 velas, numa vigília realizada à porta do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) em protesto contra as multas aplicadas pela falta de pagamento das propinas e exames.
Paulo Moreira, um dos representantes dos estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do IPL, explicou à agência Lusa que a manifestação foi decidida após o segundo plenário de representantes de estudantes, onde foram debatidos vários problemas dos alunos, entre os quais as multas aplicadas pela falta de pagamento das propinas e o alegado mau funcionamento da venda de senhas de refeição.
Segundo Paulo Moreira, das cinco escolas do IPL, apenas a Escola Superior de Educação e Ciência Sociais não aderiu à manifestação.
Os estudantes reuniram-se na ESTG, rumando a pé até ao Tribunal de Leiria, onde se concentraram. Daí o grupo dirigiu-se em marcha até ao edifício dos serviços centrais do IPL, onde acendeu 880 velas em “solidariedade com os estudantes que não puderam pagar a sua propina” e numa forma de protesto conta as “medidas que têm sido aplicadas pelo IPL”.
A aplicação de multas “num valor superior ao da taxa de juro em vigor” é uma das medidas contestadas pelos estudantes.
“O valor é exagerado. O IPL diz que já ajuda com o Fundo de Apoio Social a Estudantes, mas não está a funcionar bem e nem todos os alunos necessitados estão abrangidos por esse apoio”, revelou Paulo Moreira.
Outro aluno, Joel Rodrigues, exemplifica: “um estudante que tenha uma prestação de 100 euros em atraso 31 dias, o IPL prevê a aplicação de uma penalização pecuniária de 60 euros, muito acima da quantia que se aplicaria se fosse aplicada a taxa de juro de mora, que equivaleria a cerca de 60 cêntimos”.
Outra contestação é o sistema de senhas para as refeições, que “não é de todo o indicado”, diz Joaquim Alho Branco. Este aluno referiu que a senha tem de ser adquirida no dia anterior à refeição para a mesma ser a um preço mais reduzido, mas “tem de ser comprada ao almoço ou ao jantar, o que não é possível de ser feito por muitos alunos, nomeadamente para os alunos do pós-laboral”, acrescenta.
Presente no local, o vice-presidente do IPL, José Manuel Silva, ouviu as reivindicações dos alunos e prometeu-lhes estudar todos os casos que lhe forem apresentados.
“Em teoria, os alunos não pagam multas de propinas. O que pagam é juros e desses não os podemos isentar”, explicou à agência Lusa o vice-presidente.
Segundo José Manuel Silva, o pagamento de propinas no IPL “é dos melhores que há”, pois permite “planos de pagamento ajustados à situação de cada aluno”.
O responsável salientou que a manifestação decorreu de uma forma “construtiva, ordeira e simpática” e garantiu que o IPL está “totalmente aberto ao diálogo”.
Relativamente às senhas de alimentação, José Manuel Silva também prometeu rever o sistema de compra das senhas, permitindo sua aquisição em vários pontos do Campus.
O vice-presidente revelou ainda que o IPL tem, neste momento, um incumprimento das propinas na ordem dos 7,5 por cento, dois pontos percentuais acima da percentagem registado em período homólogo de 2011.
“No final do ano deverá descer para quatro por cento, como sucede quase sempre, porque os estudantes fazem um esforço para pagar os cursos para ficarem com eles completos.”