“Unidade no PS não se constrói da boca para fora, constrói-se com atos”

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O ato eleitoral de 2010 no PS ainda é passado? Ou continua presente?

É passado, naquilo que diz respeito ao processo eleitoral. Foi um processo complexo, cheio de vicissitudes e de algumas injustiças, no que diz respeito à divulgação de alguns processos relacionados com esse ato eleitoral. Julgo que, em devido tempo, será esclarecida toda esta questão. Eu sempre mantive toda a serenidade e o silêncio, em defesa do partido, e espero brevemente que esta questão termine e o partido pacifique.

Que balanço faz do seu mandato?

Quem tem que fazer o balanço são os militantes. Eles sabem, desde o início, que eu assumi vários compromissos. Um deles era o compromisso com a verdade. Dentro desse compromisso, há um check-list a fazer e que é aquilo que resulta da campanha eleitoral que fiz para a federação, dos compromissos que assumi e do cumprimento das promessas. Não há nenhuma secção, nenhuma concelhia, nem nenhum militante que possa dizer que foi tratado de forma distinta por ter tomado as posições que tomou em relação à escolha para a federação. Todos receberam apoio em total igualdade de circunstâncias. Por outro lado, demos impulsos significativos à atividade da federação através da criação do jornal, realização de reuniões descentralizadas e o lançamento de um Plano Estratégico do partido para o distrito.

O que gostaria de ter feito?

Gostaria de ter aberto mais o partido à sociedade, para desta forma fazer o debate sobre os problemas que atingem os portugueses e procurar encontrar soluções para eles. No momento que o país atravessa e em que os portugueses vivem com dificuldade, interessa é que o partido discuta os problemas que lhe são essenciais.

Há quem diga que dirigiu o partido através de Lisboa. Quer comentar?

Eu não consigo perceber como é que alguém pode falar dessa forma. Ou não é militante ou não conhece a realidade do partido. Ou, pior ainda, usa da má-fé, o que eu considero de uma gravidade enorme. Em primeiro lugar, eu não tenho qualquer residência fixa em Lisboa. Aliás,devo até ser o único deputado, eleito pelo distrito de Coimbra, que não vive em Lisboa. Com exceção de um dia, vou e venho todos os dias de Lisboa. Aliás, muitos desses dias em que eu venho de Lisboa, ainda vou para iniciativas a nível distrital. Muitas delas são iniciativas de âmbito interno do Partido Socialista e que, por isso, não terão a visibilidade pública que seria expetável.

Como é que pensa conduzir o processo das autárquicas?

Como sempre disse: o partido tem de assumir um conjunto de responsabilidades, de direitos e de deveres. Neste momento, o que eu considero essencial é a serenidade e encontrarmos a paz necessária para desenvolvermos os processos adequados às escolhas mais consentâneas do que é o interesse das populações.

Essa paz existe?

Da minha parte, sempre existiu. Porque a unidade não se constrói da boca para fora, ela constrói-se com atos.

Sente-se um líder de fação?

Acho que essa declaração não foi feliz. Percebi que tinha na sua lógica uma tentativa de acentuar uma divisão que não é verdadeira. Eu olho para todos os militantes com a mesma visão e distanciamento em relação às suas posições,tratando os todos com o mesmo respeito. Quem fala em fações assume à partida uma atitude divisionista que não podemos aceitar.

Como serão escolhidos os candidatos às autárquicas?

Como sempre disse, no respeito pelas competências das estruturas concelhias. Cabe a elas, em primeira instância, o direito de efetuar a escolha do candidato que melhor represente o partido numa candidatura autárquica. Escolha essa que deve obedecer a uma participação alargada de todos os militantes no processo de seleção do candidato, e não excluindo nenhum dos protagonistas que forem considerados com condições adequadas ao exercício daquela função ou que se considere pertinente colocar à consideração dos militantes.

Isso está a ser feito onde?

Contam-me que em Miranda do Corvo e Montemor-o-Velho, por exemplo, isso estará a ocorrer. Isso só prejudica os potenciais candidatos mas que pode ser útil à estratégia de quem recorre a esse expediente. Seria de bom senso e importante para o superior interesse do partido que, nesses concelhos, se deixe esse debate para o momento em que ele deva ocorrer. Também em Soure, me falam de um acordo para uma candidatura que admito seja mera especulação porque acho que as candidaturas têm de recolher o apoio alargado de todos os militantes, após processo transparente e participado.

Qual é o objetivo para as autárquicas?

Comigo, ou com qualquer outro líder, o PS pretende obter um resultado positivo em 2013. Quer em número de mandatos (na assembleia municipal), quer em número de vereadores, quer obtendo o maior número de vitórias nas autarquias. Para isso acontecer, é preciso serenidade, transparência, competência e participação alargada dos militantes. E afastar a arrogância nos processos de seleção dos candidatos.

É possível ganhar a Câmara de Coimbra?

Julgo que estão criadas essas condições. O presidente da concelhia fez um trabalho significativo, positivo e interessante na dinamização das estruturas. Por outro lado, tem demonstrado um trabalho muito atento em relação às necessidades das freguesias. O presidente da concelhia, Carlos Cidade, temos que assinalá-lo, tem tido um papel importante na preparação das próximas autárquicas.

Ainda acredita no Metro?

A questão do Metro é essencial na dignificação das relações entre o Estado e os cidadãos, particularmente por existir um compromisso que deve ser assumido sem hesitações. Quando o Governo assumiu um compromisso com os habitantes destes três concelhos, nas condições em que ele foi assumido, apenas se espera que cumpra o prometido.

Compromisso para PS e PSD…

Claro que sim. Nessa matéria, quero dizer-lhe que a situação não está bem clara no que diz respeito a este Governo. Foi o próprio primeiro-ministro que, na altura da campanha, foi ao local assumir a reposição da linha ferroviária “o mais rapidamente possível”. Já passou quase um ano e, até agora, nada. Os deputados do PS já fizeram requerimentos na Assembleia da República, alguns sem resposta ainda, sendo importante saber se, na ausência de quadros comunitários, como é que é possível realizar esta obra. Mas também não pode haver aqui um desleixo ou passividade daqueles que foram tão críticos no passado. O que eu espero deles é a mesma atuação crítica que tiveram no passado, até porque o Metro continua por fazer e não há sinal de quando é que se dá o impulso decisivo à obra.

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