Opinião: Do inverno à primavera

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M. Pignatelli Queiroz

Não sei porquê, dei por mim a recordar diversos episódios de décadas passadas da minha já não curta vida.

Pensei que fosse por causa da Primavera. Antes, o refúgio no quente, da lareira, da braseira, do cobertor de papa (bons tempos!), hoje nos esquentadores, nos ares condicionados.

Na Primavera tudo floresce. Dei por mim, à saída do Liceu ou na rua, a distribuir, a pedido do seu Director, o Dr. Jacinto Ferreira, o grande Semanário Monárquico, “O DEBATE”. Atravessei-me com um habitual Colega Amigo, sempre meditabundo, pensativo, sério, mas despertado sempre que a realidade da Vida o chamavam. “Toma lá o Debate, António”. Encarava-me com o seu sorriso brincalhão, saudando-me com o seu habitual: “Olá Camarada Monárquico!”. Sempre sério, de semblante e formação, assim seguiu toda a vida, brilhante carreira de Militar e Político. O que me levou muitos anos depois, quando nos encontrámos em pública politica, a perguntar-lhe: “Ouve lá, quando me tratavas por “Camarada” era uma premonição por ti ou por mim?” Respondeu com o discreto e divertido sorriso. Nem ele, nem eu. Mas ele, é um dos Cidadãos a quem nem o “topo” tirou o semblante sério e a íntegra honestidade. Nos anos 50, no segundo ciclo mas noutra cidade, vivi num lar onde estavam Colegas Amigos oriundos das então chamadas “Províncias Ultramarinas”. A um deles, de Moçambique, ouvia muitas vezes (já) reivindicação da independência desses Territórios. “Mas ouve lá, ó Momplê e se déssemos já essa independência mas ficássemos todos unidos só com um chefe de Estado, o Rei?…” “ Ah! Assim era capaz de ser melhor!”. Maio de 1974, 26, Lisboa, Rua Alexandre Herculano – Reúnem-se 4 Movimentos Monárquicos. O Programa estava já elaborado: Políticos coerentes de Ordenamento e Ambiente-desenvolvimento sustentado e sustentável – desenvolvimento da Cultura (Agricultura e Pescas já na 1ª linha), mas tudo isto solidamente alicerçado por um REGIME MONÁRQUICO proposto e aceite pelo POVO, garante de DEMOCRACIA e com os novos REIS sempre confirmados em forma estatuída na Constituição. Nasce o PPM e a Comissão Organizadora redige os Estatutos e, um ano depois, o I Congresso do PPM, em MIRAMAR, confirma o novo Partido que o Supremo Tribunal de Justiça legitima. Agora, a República, quer roubar ao Povo a Monarquia, violentamente, sem referendos, extingue o único Feriado que lembra, de algum modo, a FUNDAÇÃO, o 1º Dezembro. PORTUGAL, a única Nação sem essa referência. Que alguns Portugueses e não só “alguns Monárquicos” comemoram, por inspiração de Henrique Barrilaro Rua, no dia 5 de Outubro, último dia do Tratado de Zamora, em 1143, na Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, Panteão Nacional cuja dignidade o anterior Governo não reconheceu ao recusar a legítima Guarda de Honra das Forças Armadas, nem mesmo naquele dia.

Deixou-nos, por algum tempo, uma figura de referência para todos. Para a sua numerosa Família, para os inumeráveis Amigos que com ele convivemos. Profissional ilustre, cujas Qualidades empáticas lhe brilhavam nos olhos, na face, nas palavras. ATÉ BREVE, Eng.º Manuel Sampaio.

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