Crise. Dezasseis graus centígrados à meia-noite e meia. Barracas de comes e bebes “às moscas”. No parque, sobra terra enlameada à espera da enchente de estudantes. No exterior, peregrinos que não param de peregrinar, estrada fora. Crise, portanto.
A noite de terça-feira é roxa, cor de Farmácia. Mas ninguém fica roxo de frio. E até se veem os primeiros ombros leitosos a dispensarem as mangas.
Só o cartaz das músicas parece não entusiasmar. O palco, parece demasiado grande para os HMB –uma tímida banda que, afinal, canta bem mais do que o dia D.
Adiante. A noite promete e a crise já não é como dantes. De repente, há filas à porta e o apelo de Buraka Som Sistema enche a plateia num instante. O som, diga-se, maltrata ouvidos de santos e pecadores. Instada pelo DIÁRIO AS BEIRAS, uma menina da organização não sabe dizer se tem havido medições de níveis sonoros e, muito menos, se os decibeis têm ficado dentro dos limites.
A Queima das Fitas, como se sabe, é um laboratório de experiências de vida. Os estudantes que integram a comissão organizadora experenciam estratégias de liderança. Os estudantes que com eles colaboram experenciam dinâmicas organizativas. E há mais. Há estudantes que experenciam o mundo dos negócios e outros que mergulham no nebuloso universo da respetiva intermediação.
Os tempos, porém, estão a mudar. A lógica de festa assente em pseudofestivais de música já pouco sentido tem. Mas, como reconhecem os próprios organizadores, longe estão ainda os novos tempos, finalmente libertos do jugo dos promotores de concertos e afins.