Economia – empresas e Governo

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Lucílio Carvalheiro – Dizia-me um médico: “Relativamente à saúde e ao organismo são, a doença é um desvio que não devia existir, e quando existe há que tratá-la, sem importar saber se o método é lógico ou ilógico”. Acontece que a economia está gravemente doente, como tratá-la? Pela lógica académica, em nome da competitividade, o trabalho remunerado por “recibos verdes”, o trabalho precário por “contratos a termo certo”, a flexibilização laboral – leia-se despedimentos “ad hoc” –, baixar a TSU, deveria, efectivamente, resultar numa melhoria substantiva. E não resultou, não resulta, não resultará… Ora, toda a gente já sabe que o Dr. Álvaro Santos Pereira, reputado académico, não só não é o homem para a ocasião como parece contra-indicado para ela. E assim as questões arrastam-se e complicam-se sem solução, ou com solução tardia ou errada – aumenta o desemprego, de que decerto já nem “notícia é”. E ainda acabamos por, no final da crise financeira – o BCE passou a conceder linhas de crédito de milhares de milhões de euros – , ter uma situação internacional magnífica e perdê-la por uma catastrófica situação interna.

Pois bem. Se me fosse dado emitir um voto, desinteressadamente, eu preconizava uma renovação no discurso “fechado” e enfadonho dos patrões, sindicatos, governo.

Sejamos claros. Primeiro. Numa economia de mercado – regime democrático liberal – as empresas movem-se em campo livre, aberto, global; o mesmo é dizer que ao contrário do que por aí se diz e lê, o Governo não pode produzir batatas (leia-se empresas) e acarretar combustível (leia-se empregos). Segundo. Lastimo ter de afirmar, sob minha inteira responsabilidade, que o governo está mal informado, iludido – “o jogo” da actividade económica, embora muita atenta ao conhecimento académico da sebenta económica, na prática, não actua “ipsis verbis” com o mesmo; “espreita” oportunidades de negócio, “espreita” mercados, “espreita” bons clientes, sendo que serão competitivas  – muitas vezes a empatia criada é fundamental (não há almoços grátis), é da “natureza humana” e, sobretudo, se os contratos forem religiosamente cumpridos tanto pela qualidade, prazos de entrega, assistência pós-venda bastante atempada.

Quero com isto significar que o problema maior do nosso tecido empresarial – mercado interno – é a falta de consumidores, crise financeira nas famílias, aliás, as empresas exportadoras aí estão a comprovar que o que o tecido económico mais deseja, quer, aspira, é que o Governo não atrapalhe – intervindo com teorias académicas; que regule o tempo, modo, das insolvências, no sentido de eliminar a “concorrência desleal” proporcionadora de enriquecimento ilícito e, não raras vezes, fenómenos de “bola de neve” – uma grande ajuda seria; como grande ajuda seria – um horizonte temporal largo das normas legais.

Por tudo, consciente que a refutação do que digo é simples, bastará invocar conceitos de macroeconomia por um lado, invocar racionalidade por outro, mas ignorar o “terreno” onde se movem todo o tipo de interesses, são duas posições antagónicas de tal forma que me interrogo se se trata de simples inépcia ou obra de algum complot.

Nota de rodapé: pelo que descrevi, talvez leve a que se abandonem alguns mitos, como por exemplo, que a culpa é dos bancos que não injectam dinheiro na economia e tantos, tantos outros, que só pretendem escamotear a realidade factual – a política restritiva salarial conduz ao colapso empresarial porque, como diz o povo, “quem não tem dinheiro não tem vícios” e não consumindo… só quando bater bem fundo haverá crescimento económico – passa-se de menos dez para menos nove, subida de um – o emprego crescerá de 0 empregados para 1 empregado e os políticos cantarão vitória!

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