Psiquiatria do CHUC – 2

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João Relvas

O “antigo” Serviço de Psiquiatria dos HUC, em articulação com outros serviços hospitalares e da Faculdade de Medicina foi pioneiro em algumas áreas, constituindo-se referência em algumas, de que são exemplos a sexologia clínica, os distúrbios do comportamento alimentar, as perturbações do sono, os estudos genéticos das psicoses, a estimulação cerebral profunda e a estimulação magnética transcraniana na perturbação obsessivo-compulsiva refractária, as desintoxicações ultra-rápidas de opióides (agora descontinuadas) e a psicoterapia cognitivo-comportamental.

O “antigo” Hospital Psiquiátrico Sobral Cid tem uma larga experiência no seguimento de doentes de evolução prolongada, de cuidados psiquiátricos continuados e intermédios e de internamento de casos de psiquiatria forense em articulação com o Ministério da Justiça. Tem boa experiência em Psiquiatria Comunitária e criou uma unidade de referência na área da Prevenção da Violência Doméstica. Mais recentemente tornou-se o centro de referência para as actividades de reabilitação psicossocial e reinserção profissional, que são aspectos fundamentais num plano coerente de saúde mental.

Um plano possível de aproveitamento integrado de todas as estruturas existentes actualmente passaria pelo serviço de internamento de agudos no edifício principal dos HUC (com a junção do sector feminino, actualmente no Bloco de Celas), a criação de um hospital de dia com as psicoterapias de ambulatório no actual pavilhão de Psiquiatria do Bloco de Celas e os cuidados continuados e intermédios, juntamente com as unidades de treino de reabilitação psicossocial e reinserção profissional e o internamento de psiquiatria forense nas instalações actuais do Hospital Psiquiátrico Sobral Cid (que tem também condições para um hospital de dia).

Além das importantes funções assistenciais, um serviço de psiquiatria de um centro hospitalar universitário tem funções de ensino e formação pré e pós-graduada, não só de alunos, médicos e enfermeiros, mas também de psicólogos clínicos e outros técnicos de saúde mental, sem descurar a formação contínua e a actualização permanente dos seus profissionais.

A outra vertente fundamental diz respeito à formação científica e à investigação clínica, que muitas vezes depende de equipas multidisciplinares integradas e que é determinante para o prestígio, credibilidade e captação de recursos de uma instituição. Muita da investigação actual na área da psiquiatria e saúde mental passa pela constituição de equipas que trabalham em redes, quer nacionais quer internacionais, que permitem a excelência da pesquisa com economia de meios e a visibilidade resultante da publicação e apresentação dos resultados obtidos em revistas e fóruns internacionais de prestígio reconhecido.

Esta é a altura de ouvir os intervenientes com experiência, conhecimento e vontade de mudança que permita racionalizar a utilização das estruturas agora disponíveis e projectar devidamente o CHUC na região centro e no país. Este é o momento de tomar as decisões certas.

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