Política de austeridade determina recessão profunda

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Eugénio Rosa

Apesar da experiência e da ciência económica já terem provado que é impossível ter crescimento económico com uma política de austeridade violentamente recessiva como é a que está a ser imposta a Portugal, governo, “troika estrangeira” e defensores nos media têm procurado criar a ilusão junto da opinião pública de que isso é possível e que, como afirma o ministro das Finanças, isso “será o caminho para um novo ciclo de prosperidade, crescimento e criação de emprego”.

Não há nenhum economista honesto que possa garantir que isso aconteça, até porque tudo que se está fazer em Portugal vai contra os ensinamentos da ciência económica. Aqueles que, por um lado, afirmam que é preciso cumprir o acordo e, por outro lado, dizem que é necessário crescimento económico, como se isso fosse possível simultaneamente, ou não percebem nada de economia ou têm a intenção deliberada de manipular e enganar a opinião pública com o objectivo de a levar a aceitar passivamente os sacrifícios brutais que lhe estão a ser impostos que, no fim, se vão revelar inúteis porque o país ficará ainda pior.

Apesar do espírito de obediência cega relativamente ao programa de austeridade imposto pela “troika estrangeira”, os próprios “mercados”, tão idolatrados por eles, mostram que não acreditam que, com esta política, o problema da dívida externa e, nomeadamente, da divida do Estado sejam resolvidos. O valor do “spread” de títulos do Estado a 10 anos face à Alemanha, que é um indicador de risco utilizado pelos chamados “mercados”, em janeiro de 2012, atingiu, em relação a Portugal, mais 15,6 pontos percentuais tendo aumentado em apenas um mês, 4,1 pontos percentuais, quando no mesmo mês (janeiro de 2012), o “spread” não aumentou para Espanha, e diminuiu para a Grécia, Itália, França e Irlanda, países que também estão na linha da frente a sofrer a chantagem dos chamados “mercados”.

Depois da Grécia, e cada vez mais próxima dela, é em relação à dívida portuguesa que o “spread” de títulos emitidos a 10 anos face à Alemanha, apresenta valores mais elevados, tendo sido também o país que, no 1.º mês de 2012, o ritmo de subida aumentou mais.

Em janeiro de 2012, portanto muito depois deste governo ter tomado posse, o “spread” para Portugal aumentou significativamente, enquanto que para os restantes países considerados, que são aqueles que enfrentam maior pressão dos “mercados”, o “spread” não aumentou (Espanha) ou mesmo diminuiu (Grécia, Itália, França e Irlanda).

É evidente para cada vez mais gente, que sem crescimento económico o problema do défice, da divida do país e do Estado não é possível de ser resolvido. E com esta política de austeridade imposta pela “troika estrangeira”, é impossível haver crescimento económico.

Quando se afirma ou se insinua que isso é possível, está certamente a tentar manipular-se a opinião pública, enganando-a. Um estudo recente do próprio FMI confirma que uma política de austeridade como está a ser imposta a Portugal determina inevitavelmente uma recessão económica profunda e também prolongada devido à destruição do tecido económico e social que provoca.

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