Dominicanas encerram Colégio de S. José com mais de 200 crianças

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O Colégio de São José, em Coimbra, com 234 crianças e jovens e 40 funcionários, encerra no final deste ano letivo, anunciou, na terça-feira, a madre provincial da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena.

A decisão foi revelada pela madre Clarinda, responsável pela congregação em Portugal, durante uma reunião na noite de terça-feira nas instalações do colégio, na Conchada, em plena zona urbana de Coimbra, em que participaram alunos, pais e encarregados de educação, professores e outros funcionários da instituição.

“A decisão está tomada”, afirmou a responsável, depois de ter ouvido apelos de pais, alunos e funcionários do colégio, no sentido de serem “estudas alternativas” para ultrapassar a situação económico-financeira do estabelecimento, apontada como razão para o encerramento.

Os “rumores de que havia problemas económicos” fizeram com que os representantes dos pais solicitassem, nas duas últimas semanas, reuniões com dirigentes da congregação, a última das quais ocorreu no sábado, dia 24 de março, disse aos jornalistas Vasco Oliveira.

“No sábado, foi dito por responsáveis da congregação” que na assembleia desta terça-feira “seria apresentado um estudo sobre a viabilidade do colégio de São José”, mas “não foi apresentado nada, rigorosamente nada”, acrescentou aquele representante dos pais e encarregados de educação.

Para Vasco Oliveira, “é estranho que a Igreja seja a primeira a abandonar a luta contra a crise”.

Este representante dos pais manifestou-se, também, “insatisfeito” com a “reunião fria e objetiva”, conduzida pelas religiosas que se deslocaram de Lisboa, “não para discutir o futuro do colégio”, mas para “acabar com ele”.

A decisão é “absolutamente inesperada”, considerou Clara Abrantes, psicóloga do colégio, referindo que nas duas reuniões que mantiveram com as responsáveis da congregação, os 40 funcionários do estabelecimento afirmaram a disposição de “doar ao colégio, mensalmente, uma percentagem do seu salário”, em valores a definir.

“As irmãs foram autistas e isto é o que nos está a chocar mais”, sustentou a psicóloga, que não compreende a recusa das dirigentes da congregação em “reconsiderarem, em não quererem construir, mas quererem matar”, sublinhou.

Por seu turno, Maria do Céu, a dominicana responsável pelo Colégio de São José, reconheceu que “foi uma decisão fria” que não pode contestar, pois fez “voto de obediência”, e admitiu que “só um grande milagre” poderá manter aberto o colégio, fundado há 90 anos e, atualmente, com valências que vão da creche e do pré-escolar ao nono ano de escolaridade.

A decisão não resulta apenas de questões económicas, sustentou Francisco Andrade, presidente da Junta de Freguesia dos Olivais (Coimbra), que participou na reunião na qualidade de avô de um aluno do colégio.

“Esta decisão é a prova de que também a nível da família cristã estamos a viver momentos muitos difíceis”, considerou o autarca.

As Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena possuem 18 estabelecimentos em Portugal – creches, jardins de infância, escolas e estabelecimentos de saúde e assistência -, entre os quais os colégios do Restelo, em Lisboa, e do Ramalhão, em Sintra, e o Hospital de Santa Ana, na Parede.

A congregação está também presente na Albânia, Brasil, Angola, Moçambique e Timor-Leste, através de cerca de duas dezenas de instituições.

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