A discussão da fusão dos centros hospitalares Oeste Norte e Sul atraiu na terça-feira à noite mais de 300 pessoas à Assembleia Municipal das Caldas, que teve que ser transferida para o centro de congressos local.
A reunião pedida pelo Partido Socialista foi agendada pelo presidente da assembleia, Luís Ribeiro (PSD), para a noite de Carnaval, mas a celebração não impediu que se registasse uma presença recorde de público, obrigando a que, à última hora, a sessão fosse transferida para o grande auditório do Centro Cultural e de Congressos, o único com dimensão para acolher os deputados municipais e a assistência.
A assembleia foi marcada pelas intervenções de movimentos cívicos e ex-administradores do CHON – Centro Hospitalar Oeste Norte (que integra os hospitais de Caldas da Rainha, Peniche e Alcobaça), que reivindicaram a manutenção de todas as especialidades existentes atualmente naquelas unidades.
“A população não aceitará como inevitável aquilo que não é”, afirmou António Curado, membro do movimento cívico Conselho da Cidade e médico no hospital das Caldas da Rainha, exigindo que “o hospital continue a ser uma instituição de referência na cidade e na região”, sem perder “valências clínicas fundamentais ou serviços”.
A posição do médico traduziu, no essencial, as preocupações e reivindicações transmitidas pelos restantes intervenientes do público, que discordaram da repartição de especialidades entre os hospitais do CHON e do Centro Hospitalar Oeste Sul (composto pelo hospital distrital e pelo José Maria Antunes, em Torres Vedras).
Caldas da Rainha “não pode perder a natural função centralizadora dos cuidados hospitalares da região”, defendeu António Curado, considerando “intocável” a manutenção no hospital local de uma bloco operatório para intervenções cirúrgicas urgentes no âmbito da cirurgia geral e traumatologia, a preservação da maternidade e do serviço de pediatria.
A hipótese de privatização do Hospital Termal das Caldas da Rainha – avançada no estudo de reorganização dos cuidados de saúde no Oeste que está a ser desenvolvido pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo – mereceu igualmente a contestação do público, apesar de o presidente da câmara, Fernando Costa (PSD), ter garantido que a manutenção do hospital no Serviço Nacional de Saúde “é inquestionável” e que, em último caso, apenas admite que o mesmo seja gerido por uma instituição de solidariedade social do concelho.
A discussão prolongou-se até cerca de 02H00, sem esgotar os pedidos de intervenção dos partidos com assento na assembleia, o que levou à marcação de nova reunião para o dia 06 de março.