O arguido no processo ‘Face Oculta‘ Namércio Cunha confirmou ontem em tribunal as ligações do empresário das sucatas Manuel Godinho com o ex-presidente da REN José Penedos, ambos arguidos no processo.
O ex-braço direito de Manuel Godinho continuou o seu depoimento, pelo terceiro dia consecutivo, no tribunal de Aveiro, onde decorre o julgamento, confirmando na íntegra as declarações prestadas durante o interrogatório na Polícia Judiciária.
Numa das escutas de conversas telefónicas ouvidas hoje na sala de audiências, Namércio Cunha sugere a Manuel Godinho a elaboração de um proposta a alertar a REN para os problemas ambientais e a despoletar um processo para encaminhar as cinzas da Tapada de Outeiro.
Neste contexto, o ex-diretor comercial da O2 propõe contactar Paulo Penedos, filho de José Penedos e coarguido no processo, para saber quem seria a pessoa indicada a quem entregar a proposta, ao que Manuel Godinho responde “para fazer chegar ao Zé Penedos, particularmente”.
O sucateiro chegaria mesmo a dizer que “marcaria um café com ele para lhe entregar a proposta”.
Namércio Cunha explicou ainda alguns pormenores sobre as relações comerciais entre a O2, que pertende a Manuel Godinho, e a Refer e EMEF.
No último caso, o arguido admitiu que mais do que uma vez lhe foi prestada informação sobre o conteúdo de propostas apresentadas por concorrentes, permitindo-lhe garantir que iria apresentar a melhor proposta e ser a empresa vencedora.
Quanto à Refer, Namércio disse sentir que “havia relações próximas entre Godinho e alguns funcionários da Refer”, acrescentando que as relações entre as empresas de Manuel Godinho e a Refer eram um “assunto tabu”, sendo geridas pelo sucateiro.
O antigo colaborador de Manuel Godinho afirmou ainda ter a noção que os preços apresentados nos concursos eram elevados o que originaria prejuízos.
No entanto, disse também ter a perceção que Manuel Godinho “tinha um mecanismo de compensar estas eventuais perdas com a manipulação das pesagens”.
A sessão da tarde ficou ainda marcada por uma indisposição da juíza Liliana Carvalho, que esteve de baixa médica o que levou à suspensão do julgamento durante um largo período.
Após uma pausa na audiência, de cerca de 20 minutos, a juíza acabou por regressar à sala e a sessão prosseguiu sem qualquer incidente até cerca das 17H15 quando foi interrompida, sendo retomada na próxima terça-feira.