Aprender para depois realizar

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Lucílio Carvalheiro

Disse João Paulo II: “uma autêntica democracia só é possível num Estado de Direito e sobre a base de uma recta concepção da pessoa humana; e “uma Democracia sem valores converte-se facilmente num totalitarismo aberto ou dissimulado, como a história demonstra”; e, por isso, o homem tem de possuir a concepção de si mesmo e do seu destino.

Sou forçado, portanto, a ponderar seriamente o que me diz a consciência quanto aos interesses profundos e permanentes da sociedade civil a que pertenço. Terei, pois, que reconhecer que aprendi que a paz social é um valor em si: e nenhum homem responsável nega a paz ou a quebra por método ou doutrina, mas uma atitude pacifista, como princípio, como doutrina, apenas fará sentido e acaso é viável – dentro da Verdade, da Justiça, do Direito, da Liberdade.

Decerto. Não sou um pacifista militante a tal ponto que não me permita a legítima defesa e não concluo, sem mais, que seja pacífico o que for ditado pelo mais forte; e isto em virtude de não ter uma concepção demasiado limitada e predominantemente egoísta do exercício do combate político, cujo alheamento pelo próximo – que se verifica – me parece ser não apenas económico, mas também cultural (iliteracia política militante), política (o politicamente correcto dos brandos costumes) e simplesmente humana (solidariedade caritativa – terceiro mundista, direi).

Dito isto, as minhas preocupações políticas são imensas. Portugal está a viver em permanente desvario: os portugueses caminham através do desinteresse político para uma ditadura financeira feroz, e os homens públicos (recuso-me a chamar-lhe políticos) parece julgarem que podem defender o supremo bem do povo com o seu neo-liberalismo compulsivo.

Deste modo, entre a Verdade e a mentira, entre a Justiça e a injustiça, entre o Direito e a impunidade, entre a Liberdade e a censura, as fronteiras desaparecem na prática política dominante, tornando impotente e penalizando o agredido – cidadão anónimo; agressão escudada em construções legalistas e com o apoio de organismos internacionais, a cujas agressões convenha a agressão (vide troika).

Pois bem. Entendo que o estado de necessidade em que o País vive – recessão, desemprego – ser ilógico, inconvenientíssimo, deixar passar novos processos expeditos de exploração total dos recursos humanos (austeridade em cima de austeridade), dos recursos materiais (privatizações a preço de saldo) que se tem verificado ser solicitado para outros fins, para outros serviços.

Quero também significar que tomo nota que o Partido Socialista se tornou um procurador particular do Governo em exercício (PSD/CDS); usando a fórmula da União Nacional (PSD/DS/PS) que é uma fórmula desacreditada e infecunda em Democracia.

Enfim: aprender o que, em política, é Verdade, Justiça, Direito, Liberdade; se ao menos essa vontade tivéssemos…

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