Portugal em saldo

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Eugénio Rosa, Economista

Na polémica devido à deslocalização da empresa mãe do grupo Jerónimo Martins para a Holanda, para fugir ao pagamento de impostos em Portugal, um aspecto importante que tem sido esquecido, é que a crescente internacionalização dos grupos económicos a operar em Portugal tem sido financiada com os lucros obtidos no nosso país.

Aproveitando a posição de domínio que tem no mercado e o facto da AdC e do próprio governo estarem reféns dos grupos económicos, e nada fazerem, impõem os preços e condições que querem.

O caso de Jerónimo Martins é paradigmático. Cerca de 3.884 milhões de euros do seu volume de negócios de 2010 foi obtido em Portugal.

Este grupo é um dos principais importadores de produtos estrangeiros estrangulando a produção nacional, e tem uma politica leonina relativamente aos produtores nacionais, esmagando preços e impondo largos prazos de pagamento.

O mesmo tem acontecido relativamente ao grupo EDP, cuja actividade no estrangeiro têm sido financiada através de um forte endividamento ( 7.891,6 milhões de euros em Dezembro de 2010 ) e com os elevadíssimos lucros que obtém em Portugal, alcançados através dos preços exorbitantes que impõe às famílias e empresas portuguesas.

Para concluir isto basta comparar com a França, em que preço da electricidade sem taxas é, em Portugal, superior em 2,1%, mas o ganho das famílias é inferior em 51,8%,

Em Portugal, como consequência da politica seguida pelos sucessivos governos desde Cavaco Silva, que iniciou as privatizações, o sector de energia vital para o futuro do pais já está sob o controlo de grupos económicos estrangeiros.

E como consequência da politica do governo de Passos Coelho e do seu ministro das Finanças que, sob o falso pretexto de aumentar a competitividade e atrair investimento estrangeiro, pretendem privatizar tudo corre-se o risco do pouco que ainda está na mão do Estado ser vendido, a preço de saldo, a estrangeiros…

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