Nomeações e maçons

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Álvaro dos Santos Amaro

Analistas e comentadores tiveram esta semana dois temas em grande debate. Nomeações e maçons.

Muito sinceramente, nenhum deles com grande sentido ou, no mínimo, desfocados do que porventura seria interessante discutir no momento.

No que às nomeações diz respeito, particularmente à EDP e Águas de Portugal, assumem características completamente diferentes. A EDP foi privatizada e é aos accionistas que compete nomear os administradores e os membros do Conselho de Supervisão.

Sem querer entrar na questão dos vencimentos, apetece perguntar se as escolhas livres dos accionistas têm de estar balizadas por opções pessoais e políticas dos escolhidos?! Então se alguém é convidado por um agente privado da economia não pode aceitar por ser da corrente política do Governo em funções, tenha ele a cor política que tiver?! Um absurdo.

Pode até argumentar-se que a economia privada ou determinados grupos privados podem querer “encostar” ao Governo e a forma é escolher pessoas que lhe agradem. Mas isso não é pôr em causa a capacidade empresarial privada e ao mesmo tempo a competência demonstrada ao longo do tempo pelas pessoas em causa?!

Ora, neste caso EDP/Estado tudo estava bem com António Mexia e António de Almeida (afecto ao PS). Com EDP privada tudo parece mal com o mesmo António Mexia e Eduardo Catroga (afecto ao PSD).

Ora francamente!

Mais importante que estas bizarras discussões, como alguém disse, apenas reveladoras de algum ciúme e outra tanta inveja, é o facto de a EDP continuar a ser uma empresa de referência e agora impulsionadora de mais investimento em Portugal.

Ganhar aplicação de capitais, gerar mais emprego, isso sim, devem ser opções prioritárias de debate político. Muito mais do que pôr em causa as capacidades de opção em relação a esta ou àquela personalidade, ainda por cima de reconhecido mérito.

Em relação à Águas de Portugal, é verdade que a situação é bem diferente. Mas, ainda assim, não é um direito de qualquer Governo escolher as pessoas da sua confiança para aplicar as suas opções políticas?

O contrário é que seria mais uma bizarrice. Então as pessoas escolhidas, todas com provas dadas, não o devem ser por serem militantes ou afectas aos partidos da coligação do Governo? Francamente!

Certamente que todos estimamos e respeitamos os bons e capazes cidadãos que entendem não ter opção política activa ou mesmo partidária. Tudo bem. São respeitáveis opções. Então e todos os outros que assumem a defesa de princípios políticos e ideológicos? Transformam-se logo aí em tecnicamente incapazes?

Era mais o que faltava!!

Quanto ao segundo facto tão noticiado e tão debatido, também ele está, na minha opinião, absolutamente distorcido da realidade.

Concordo com aqueles que defenderam que não tem de haver qualquer registo de interesses pelo facto de se pertencer à Maçonaria. Isso faz parte das opções pessoais e nada mais do que isso. Pôr isso em causa é, de facto, um atropelo ao pensamento e à liberdade individual.

Situação bem diferente é a suspeita que pairou praticamente em todas as notícias e debates de que a Maçonaria é usada ou muitos dos seus membros a usam para interesses próprios e influenciadores de negócios que, de algum modo, possam sobrepor-se ao interesse nacional.

Como disse António Arnaut, quem assim proceder deve ser expulso. No campo dos bons princípios, não pode deixar de ser assim.

E por isso é que não compreendo a defesa de uma qualquer legislação que obrigasse a identificar os cidadãos como sendo ou não maçons.

Já agora, qual seria o interesse disso?

Mas porque muitos que comentaram este assunto fizeram questão de afirmar se eram ou não, aqui fica a minha posição sobre mais um assunto cuja discussão me pareceu bizarra, afirmando também que não sou da maçonaria, mas respeito as opções de cada um.

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