Ex-alunos queixam-se que a Universidade de Coimbra está a vender diplomas sem prata

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Um grupo de antigos alunos da Universidade de Coimbra (UC) acusa a instituição universitária de não estar a respeitar o “contrato de compra” que lhe foi exigido quando pediram o certificado de conclusão dos respetivos cursos.

Em causa, um despacho reitoral que introduz alterações às características do diploma tradicional da UC. Alguns ex-alunos já começaram a receber em casa os diplomas sem o selo de prata e sem as fitas com a cor da faculdade.

Recorde-se que, quando terminam o curso, se quiserem obter o certificado de habilitações, os estudantes são obrigados a adquirir, também, o diploma por cerca de 150 euros.

Acontece que, no despacho datado de 6 de dezembro, o reitor autoriza a alteração às características “únicas” do diploma da Universidade de Coimbra. Uma decisão que está a motivar uma onda de protestos na rede social Facebook onde, aliás, já foi criado o grupo “IADUC – Indignação do atual Diploma da Universidade de Coimbra”. Ao longo das últimas semanas têm proliferado acusações de que a universidade está a “vender gato por lebre”, “alterando as regras a meio de jogo”, manifestando uma “falta de honestidade a toda a linha”.

De acordo com o despacho, a valorização do valor comercial da prata – que induz “acréscimos significativos nos custos de emissão das cartas de cursos e cartas doutorais” –, terá justificado a decisão do Conselho de Gestão da UC. Foi este órgão que introduziu alterações ao valor do emolumento de emissão das referidas cartas. Assim, a carta de curso (em versão base) passou a custar 150 euros, enquanto que a versão tradicional custa agora 300 euros.

A nova carta de curso

Ora, os antigos alunos contestam o facto de terem pago um diploma com características tradicionais e de estarem a receber um diploma mais barato do que aquele que pagaram. Ou seja: ao invés de um documento “em papel específico com a insígnia da UC, aposição do selo em caixa de prata e fita da cor da faculdade”, os diplomados começaram a receber em casa um documento “sem selo pendente em caixa de prata, sem fita das cores do curso e num papel com uma gramagem muito inferior”, disse uma das subscritoras do grupo IADUC.

“Pedimos aos alunos que compreendam e ajudem a UC”

Ao DIÁRIO AS BEIRAS, Madalena Alarcão, vice-reitora da UC, disse que os elementos decorativos do modelo tradicional envolvem um conjunto de procedimentos que impõem o “recurso permanente a contratações públicas”, o que causa, além de uma “considerável morosidade, custos muito elevados”.

A entrega dos diplomas está, atualmente, com uma média de atraso superior a 10 anos”, sendo necessários mais de 800 mil euros para ultimar as cerca de 21 mil cartas de cursos que ainda não foram entregues.

Madalena Alarcão adianta que a instituição está a cumprir o que está legalmente previsto, mas viu-se obrigada a “sacrificar a tradição”.

De resto – refere a vice-reitora –, “esta carta de curso serve, tal como o tradicional, para fazer prova do grau académico de aluno. E isso é o mais importante. No entanto, a UC não deixará de emitir a carta de curso na versão tradicional se o aluno fizer muita questão”.

A responsável pede, por isso, aos antigos estudantes que compreendam a situação e ajudem a universidade, aceitando o diploma na sua versão base.

Entretanto, o grupo “IADUC – Indignação do atual diploma da Universidade de Coimbra”, que já conta com cerca de uma centena de membros, pretende enviar uma carta ao reitor e pedir um conselho jurídico para recorrer a outros meios legais, caso se justifique.

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