Câmaras do distrito de Viseu lutam para evitar fuga da população jovem

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A crise económica veio agravar o problema de desertificação humana no distrito de Viseu com algumas autarquias a sentirem necessidade de tomar medidas de emergência para evitar que os jovens se transformem em “raridades”.

Os censos de 2011 deram maior ênfase a uma realidade que já era sentida no distrito, onde, dos 24 municípios, apenas Viseu resiste à perda de população, sendo o problema mais vincado nos concelhos de menor dimensão como, entre outros, Penedono, Sernancelhe, Vila Nova de Paiva ou Resende.

Perante o “perigo” de verem os seus concelhos sem população jovem, e, como admitiu à agência Lusa José Mário Cardoso, presidente da Câmara de Sernancelhe, estes se transformem em “raridades”, as medidas para estancar a “sangria” humana foram surgindo no terreno.

Penedono, com uma população que não chega aos três mil habitantes e que, como a generalidade viu, nos últimos 10 anos, está a diminuir cerca de 10 por cento, avançou mesmo para a criação de um programa, considerado “arrojado” pela autarquia, de incentivo financeiro à criação de postos de trabalho.

 

Penedono é o concelho mais pequeno do distrito mas é o que tem em curso a iniciativa mais direta, não só para estancar a saída de população mas também para atrair gente para as suas fronteiras, com um apoio financeiro à criação de emprego que pode ir até 3.500 para a criação do próprio posto de trabalho, desde que se mantenha por três anos, com uma majoração de 20 por cento em se tratando de naturais do município.

Para além de 4.200 euros para a instalação de empresas no concelho, este programa da autarquia disponibiliza ainda 1.500 euros por cada posto de trabalho com recurso a contrato a termo certo e com duração não inferior a dois anos e 2.500 euros se o contrato for por tempo indeterminado e nunca menor de três anos.

A vice-presidente da autarquia, Cristina Ferreira, explicou à agência Lusa que esta iniciativa, além de ser um “apoio importante” a quem pretenda criar empregos ou forjar o seu próprio posto de trabalho, visa “ajudar a fixar população” num concelho do interior, que se “debate com a questão da desertificação”.

A emigração é a principal porta de saída da população jovem dos concelhos mais deprimidos, sendo disso exemplo Sernancelhe, concelho com 5600 habitantes, onde, como admite o presidente da autarquia, José Mário Cardoso, “existe o risco de, se nada for feito, a população jovem ser apenas residual”.

Para contrariar este “ciclo infernal”, a autarquia investiu na criação de um parque industrial para as empresas se fixarem com “fortes atrativos” no que diz respeito às taxas municipais como a Derrama, mas também de caráter financeiro em que a câmara se predispõe a substituir-se ao empresário junto da banca para obtenção de financiamento.

Com esta medida, a autarquia apresenta-se como garantia perante a banca para que os empresários com menor capacidade financeira possam fazer os seus investimentos.

O mesmo acontece em Resende, com pouco mais de 11 mil habitantes, em que a criação de um parque industrial constitui o essencial do esforço autárquico para diluir o impacto do êxodo populacional.

Segundo o presidente da Câmara, António Borges, o parque oferece “condições muito atrativas” para as empresas se instalarem, ao que acresce um continuado “desagravamento fiscal” com, por exemplo, o IRS a sofrer baixas consecutivas nos últimos quatro anos.

Em Vila Nova de Paiva, com cerca de seis mil habitantes, as empresas contam igualmente com um espaço equipado ou ausência de taxas como a Derrama mas, percebendo que a esmagadora maioria da população é já idosa e com “tendência a crescer”, o autarca local, José Morgado, explicou à Lusa que está em curso um “ambicioso programa” de investimentos na área do apoio aos mais idosos com a criação de dezenas de postos de trabalho na área da assistência às infraestruturas dedicadas aos mais velhos.

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