O provérbio cai que nem uma luva: “quando o ano é de leite, até os bodes o dão”. O que a sabedoria popular nunca poderia adivinhar é que ali, para os lados da Cidreira, existe um caprino “de cobrição” que dá leite.

Amândio Inácio, proprietário de mais de 100 cabeças de gado, já está habituado aos risos e aos olhares incrédulos sempre que afirma ter um “bode leiteiro”. Mas a verdade é essa e contra factos não há argumentos.

Nascido há três anos em Vila Pouca do Campo, o caprino mereceu a atenção do atual dono por “ser filho de uma cabra alpina, raça que dá bom leite”.

“O objetivo era que as crias também dessem leite de muito boa qualidade”, diz Amândio Inácio. Pedido feito, desejo (mais do que) alcançado.

Há cerca de um ano, enquanto o dono ordenhava as cabras, reparou que o bode – o único macho entre as caprinas – estava a coxear. E viu que, junto aos testículos, o animal tinha desenvolvido duas tetas. Apenas uma delas dá leite.

“Só o ordenho aos domingos e deito o leite fora porque nunca o mandei analisar”, conta Amândio, 51 anos, criador de gado (em part-time) há pouco mais de uma década.

Apesar de ser um bom reprodutor – “e é bom que ninguém duvide da virilidade do animal” –, o bode pode ter os dias contados.

“Tem estado preso porque saltava a vedação, fugia e as cabras iam todas atrás dele”, lamenta o criador. Desde então, o caprino já emagreceu 15 quilos.

Ainda assim, o dono promete pensar duas vezes caso alguém manifeste interesse em adquirir o “bicho dois em um”.

Se estiver interessado, o melhor é não pensar duas vezes. É que depois não adiantará “chorar sobre o leite derramado”.