Vestmannaeyjar é um nome provavelmente tão impronunciável como impercetível e tem aparentemente muito pouco a ver com uma banda de Coimbra.
Pois bem, os A Jigsaw nasceram nos Olivais em 1999, devem o nome a uma música dos belga dEUS que, por sua vez, se inspiraram numa música dos Sugarcubes, primeira banda da islandesa Byörk. Ora, Vestmannaeyjar é um arquipélago islandês, que deve muito da sua história a marinheiros e piratas.
Mas, chega de “navegar”.
Drunken Sailors & Happy Pirates é o terceiro álbum dos conimbricenses A Jigsaw, que amanhã comemoram 12 anos no Salão Brazil, na Baixa de Coimbra.
O DIÁRIO AS BEIRAS esteve “à deriva” na companhia de João Rui e Jorri, dois dos fundadores da banda, a quem se juntou a violinista Susana Ribeiro. Um trio que continua a surpreender a Europa e não mete água, apesar de adorar escrever sobre ela.
O último álbum é o mais maduro dos três longa duração e é uma expedição ao alto mar da identidade pessoal.
“É um tema recorrente. Mesmo no Like The Wolf há muitos elementos que andam à volta da água. Julgo que é a sua imensidão e o desconhecimento que temos da sua profundidade e o que se passa lá em baixo. É quase como a nossa profundidade enquanto pessoas, que por camadas nos vamos descobrindo até deixarmos de poder ver dentro de nós”, explica o vocalista João Rui.
É essa “psicanálise” que sustenta os conceitos que a banda apresenta em cada disco. “Não pensamos num álbum como um arrebanhar de canções. Quando nos sentamos para escrever um álbum fazemo-lo como se tivéssemos a escrever um livro”, diz João Rui, sustentando que se os A Jigsaw fossem um livro seria “daqueles maços bem volumosos que precisam de silêncio para se ler”.
Jorri explica que “o facto de todos os álbuns serem conceptuais, implica que, mesmo antes de haver letras ou músicas, ser mais racional e começar a pesquisar e perceber muito bem tudo o que vamos fazer”.
Essa racionalidade, investimento na carreira e trabalho duro fez com que os três músicos da banda sejam, neste momento, mais do que “homens dos sete instrumentos”.
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