O médico José Mário Martins, assessor da Ordem dos Médicos, disse este sábado, em Coimbra, que no próximo ano poderá não haver vagas nos hospitais para os jovens profissionais que terminem a sua especialização.
O assistente da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC) referiu que existem atualmente especialidades com médicos a mais e que, em 2020, deverão existir cerca de seis mil especialistas a mais no país, com base num estudo efetuado pela instituição onde leciona.
José Mário Martins, que intervinha no debate “Cidadania e o Serviço Nacional de Saúde”, promovido pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra, salientou que atualmente não há médicos de clínica geral e familiar porque os Governos apostaram num modelo “hospitalocêntrico”, criando assimetrias geográficas e de especialidades no território nacional.
No cômputo geral, referiu, “em quantidade de médicos estamos bem, se compararmos com a média europeia”.
No entanto, José Mário Martins alertou para a possibilidade de, dentro de poucos anos, o excesso de médicos poder provocar uma “disputa de doentes”, com consequências nefastas para a medicina.
No debate, participou também o advogado António Arnaut que, em 1978, durante o II Governo Constitucional, foi o autor da lei que criou o Serviço Nacional de Saúde.