Norberto Canha
Vou começar este texto por considerar três formas de poder: o poder dos políticos e poderosos; o poder espiritual e o poder dos mandantes e mandados (povo) e os eternos contestatários. Como poderá haver paz se se extremam as posições e não se procura uma posição de consenso? Quanto a mim é simples a resposta. Porque as constituições dos Países, das Uniões, da ONU não se apoiam em princípios, mas todas as constituições têm em componente ideológico e manifestamente interesseiro.
A constituição de qualquer patamar do poder deve primeiramente definir e acertar os princípios e só depois redigir a constituição, isto para impedir que conforme a carga ideológica se altere esse símbolo de civilização.
Como posso ter paz e haver paz para o mundo se os atropelos são constantes e os mais responsáveis do poder Político apelam para a rua, para as arruaças. A incapacidade de quem manda e de quem suporta esse mando, leva-nos a este beco quase sem saída em que nos encontramos. Os políticos desde 26 de abril de 1974, pela sua impreparação, são os responsáveis pela situação a que se chegou e não podem ser chamados à responsabilidade porque são políticos e as leis que fazem concedem-lhe esse estatuto.
Os políticos e poderosos, fazem uma simbiose, entendem-se sempre. Os mandantes e mandados que deveriam formar uma simbiose, andam sempre em conflito e o Poder Espiritual, o neutro, tem dificuldade em orientar-se nesse conflito de interesses.
Eu que como tantos outros, estamos na quarta vintena do calendário da vida – tempo da meditação, acção e resignação – interrogo-me, interrogamo-nos, será que não temos (todos nós) direito à Paz? Será que a Paz é um bem que nunca poderá ser gozado pelo homem?
Eu quando após orar, na cama, prestes a fechar os olhos, termino esse período de recolhimento e meditação com a seguinte oração: “Fazei Senhor com que haja paz no mundo e inspirai-nos para actuarmos sempre dentro do Amor e da Justiça”. E assim será se as constituições se inspirassem nos princípios subjectivos e objectivos de uma Nova Ordem Mundial; conforme definido no livro “Nova Ordem Mundial, Contas aos Netos”.
Nenhum país, ou cidadão, que não cumprisse e respeitasse esses princípios poderia fazer parte dos restantes patamares do poder, da cidadania.
Como é que eu posso resignar-me e ter paz se um neto ou bisneto dum escritor notável do nosso país, na agonia, morre com uma respiração ofegante (falta de ar), olhos vivos brilhantes e implorativos, desperto sem poder falar, nem dormir, porque se dormisse apagava-se-lhe a vida, como apagou, porque o aparelho necessário só se poderá utilizar num indivíduo mais jovem.
Como é que eu posso ter paz e resignar-me, se uma senhora percorre todas as consultas e internamentos e não lhe é dada solução continuando com o maior penar do que é possível penar. Pois no meu tempo não activo – antes de me jubilar – tinha uma consulta com a presença de neurologista, psiquiatra, internista, psicólogo, reumatologista, cirurgião e ortopedistas, para diagnosticar e tratar situações com padecimento e sem diagnóstico. Quero agradecer a todos eles, do melhor que havia, pela sua generosidade e sentido de humanização da medicina, melhor discurso de cidadania.
Isto era noutro tempo. Hoje humanização dos hospitais é uma afronta imerecida à palavra Humanização.
Que paz pode ter cada um de nós se:
– As notícias de caixa alta da Imprensa escrita ou falada espelham e realçam o que mais negativo tem o mundo e a sociedade.
– Os pedintes, os arrumadores de carro, aterrorizam se não se lhe dá uma esmola ou uma gorjeta e muitas vezes bem arranjados e jovens exibem um Borda de Água, tanto insistem que muitos darão o último vintém que têm, ou, que até lhes faz falta!
– Pessoas que considerávamos referência na sociedade se vêm a revelar corruptas ou malfeitores.
Aqueles mais responsáveis na formação dos jovens apelam à rebeldia e às manifestações maciças, mas que sejam não violentas para não haver mortes!
– Não há emprego, há dívidas, tem que haver restrições e apelam às greves e à desobediência.
Mas os actuais governantes são herdeiros deste caos, e cabe a eles a responsabilidade de nos tirar do atoleiro em que caímos. Haverá outro proceder?
A situação talvez fosse diferente se os senhores políticos tivessem atendido ao conteúdo do livro que lhes mandei em formato electrónico, a partir de 17.12.2010, cujo título é “Pentalogia da Esperança”, 2.º volume, Amar Portugal – apelo ao senso, à verdade e ao reconhecimento”. É isto que não temos tido e tem que haver!