A crise da União Europeia

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Luís Vilar

Os países da União Europeia, em particular o eixo Franco-Alemão, acompanhados de outros países (Bélgica, Itália), bem como os tecnocratas do Banco Central Europeu e do FMI e, ainda, dos próprios Estados Unidos da América, entraram em pânico com o anunciado referendo proposto pelo 1.º ministro grego.

Estranho esta inquietude perante um acto político soberano da Grécia, que é feito da forma mais democrática possível, através de voto secreto da população grega.

O problema só pode estar na forma e conteúdo da(s) pergunta(s) do próprio referendo, mas não pode ser criticada esta atitude democrática de um país soberano, se a compararmos com outras atitudes dos que hoje estão inquietos.

Por exemplo, quando os EUA se preparam para aumentar o seu défice público sem consultar os seus cidadãos, quiçá com o beneplácito das já famosas agências de rating, não surgiram críticas do eixo Franco-Alemão, sabendo nós que esta atitude política dos EUA, vai ter consequências ao nível financeiro na União Europeia, quanto mais não seja pela comparação (valorização e/ou desvalorização) entre o euro e o dólar.

A União Europeia há muito que vem alterando as regras que estiveram na génese da sua construção e, agora, pretende mesmo o domínio dos países mais ricos em relação aos países mais periféricos e com economias mais débeis.

Pasme-se que a Sra. Merkel há tempos afirmou, que no tratado do euro constava o controlo orçamental dos países e, quem não o fez agora teria de pagar.

Até é uma meia verdade, uma vez que nesse mesmo tratado se defendia uma constituição europeia nas áreas económicas e financeiras, que nunca se chegou a concretizar. Agora, num passo mágico, em vez de pôr a funcionar outros mecanismos como os Eurobonds, ou empréstimos directos do BCE aos países em dificuldade, prefere-se o endividamento ad-eternum, esquecendo-se os princípios que nortearam a construção europeia, querendo fazer prevalecer a lei do mais forte.

Esta não é a Europa dos Cidadãos, das Regiões e da Coesão Social que todos os europeus querem e acreditaram aquando da sua constituição e posteriores adesões.

Continuo a defender a União Europeia, mas sem subversão dos seus iniciais propósitos, criando uma Europa a duas velocidades.

Ainda, sobre o referendo grego, uma virtude já teve, todos quantos pensavam que era possível o Poder Económico e Financeiro sobrepor-se ao Poder Democrático legitimado nas urnas, verificaram que tal é fácil de combater.

As agências de rating tremeram, os especuladores financeiros atacaram os próprios bancos, o que para mim significa que é urgente a União Europeia corrigir erros do passado e implementar uma ordem económica e social que dê resposta a todos os europeus sem qualquer excepção.

 

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