Não se deve procurar culpados, mas soluções

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Luís Santarino

Afirmar que vivemos a maior crise de que há memória, é algo que não precisa ser demonstrado. É uma evidência. Um axioma.

As consequências são uma determinante das causas. Não me parece que se queira ou deseje encontrar as causas mais profundas do estado a que chegámos enquanto País, porque vivemos no mundo da irresponsabilidade.

A responsabilidade dos actos é individual ou colectiva, devendo a cada momento, cada um interiorizar o seu comportamento. Ninguém assume os erros do passado, reflectidos que estão no presente, com consequências muito sérias no futuro, que colocam em causa a nossa sobrevivência enquanto sociedade. Por isso eu digo, que temos sido governados por um bando de irresponsáveis.

Governado, não significa só o poder político. Esse, porventura até será o menos culpado porque, dada a sua incompetência, se colocou na mão de uns “espertalhões” que jogaram com a sua ignorância e incapacidade. Os políticos foram literalmente, “comprados”, com mordomias únicas que a sua existência não tinha conseguido prever. A falta de educação, de respeito pelo indivíduo, de solidariedade que é devida a uma sociedade democrática, tudo foi objecto de brincadeira, como se a vida das pessoas não fosse o mais importante para quem governa.

Eu sei que a crise é enorme e que o actual governo pode levar o País para a ruína; acabar com o que resta, porque muitos outros chegaram até aqui: “ao que resta”!

A grande dúvida resume-se ao tipo de comportamento que as forças políticas vão ter na aprovação do Orçamento do Estado. Não. Não é na discussão nem no sentido de voto; é mesmo no voto!

O Partido Socialista não pode ter uma posição dúbia. Ou vota a favor ou contra. Os portugueses não perceberiam, nem os próprios militantes, se o PS se abstivesse. É que, queiramos ou não, nos 16 últimos anos – 1995 até 2011 – o Partido Socialista esteve 13 a governar. O PSD governou entre 2002 e 2005.

É no mínimo incongruente e mais do que isso, intelectualmente desonesto, não assumir as responsabilidades do passado. Os portugueses precisam de saber quais as alternativas que o Partido Socialista apresenta. Sem isso, deixam de acreditar que pode existir uma alternativa.

O Partido Socialista precisa de criar uma alternativa coerente, séria, determinada e responsável. Não se pode refugiar nas questões meramente técnicas da “TROIKA”, como se isso tivesse algum interesse objectivo. Não poderá andar a brincar às discussões da diminuição de concelhos e freguesias, quando os cidadãos vivem momentos de enorme incerteza, as crianças vão sem comer para a escola, os reformados vivem cada vez pior, os trabalhadores são mais explorados, a classe média proletarizada, a “saúde pela hora da morte”.

O tempo dos “fogachos” terminou.

É preciso uma oposição clara, transparente, responsável que, assumindo as suas responsabilidades, apresente, defenda e demonstre, sobretudo demonstre, que tem as melhores soluções para a crise que vivemos. O tempo do palavreado, da ignomínia, da mentira e da patetice acabou.

O Partido Socialista tem de mudar. Mudar rápido… rapidinho, se não quiser continuar a ser o gozo nacional. E já agora, local!

No mínimo, é preciso ter alguma, pelo menos alguma, vergonha! O que é raro nos tempos que correm! Convenhamos!

Não se deve procurar culpados, mas soluções!

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