Uma cidade inovadora

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Maria Manuel Leitão Marques

Coimbra tem condições para fazer muito mais por si. Deveria distinguir-se pela inovação. Não apenas científica, tecnológica ou industrial, onde aliás dispõe de uma reputadíssima incubadora, o Instituto Pedro Nunes (IPN), mas também inovação social, ambiental, administrativa, política, cultural.

Coimbra tem o melhor capital para a inovação: pessoas com diferentes capacidades de pensar e de fazer, e dimensão humana para que possam encontrar-se. As pessoas e as redes entre elas são sempre o mais importante nos processos inovadores, com o seu conhecimento e a sua capacidade para o utilizar. Que me desculpem muitos outros, mas o IPN não seria o que é hoje sem a dedicação e saudável persistência da Teresa Mendes.

Coimbra podia ter uma incubadora de inovação para a justiça e práticas judiciárias, juntando a experiência e o conhecimento singular do Observatório da Justiça do CES ao excelente projecto do Tribunal Universitário Judicial e Europeu, promovido pelo Joaquim Canotilho, o qual, sabe se lá porquê, ainda não viu a luz do dia.

Ou de práticas político-administrativas. Não foi aqui que começou a discutir-se o orçamento participativo, que o Boaventura S. Santos nos trouxe de Porto Alegre e que hoje faz sucesso na Câmara de Lisboa? E quem imaginou as Lojas do Cidadão, inspirado no que tinha visto em Salvador, não foi o Fausto Correia?

Uma cidade inovadora na saúde, associando a qualidade dos seus hospitais a conceitos novos de prevenção e assistência, como a Unidade de Saúde Familiar de Celas, com o empenho da Teresa Tomé e a colaboração da ISA, está a experimentar. Ou na solidariedade social, aproveitando a imaginação de tantos jovens disponíveis para se mobilizar por uma causa.

Inovação cultural também, com projectos diferentes e de qualidade, como foram os Encontros de Fotografia promovidos pelo Albano S. Pereira. Ou através de iniciativas mais simples, como “A hora do conto” e o “Ler ao Cubo” para as crianças, promovidas pela Biblioteca Municipal, ou a animação do precioso Jardim Botânico , com a criatividade da Helena Freitas.

Seguramente existirão outros projectos, fora os muitos que poderiam ser estimulados. Uns são mais ambiciosos, exigindo investimento. Outros nem por isso. Todos dependem de liderança, imaginação, trabalho, interacção. Como em qualquer incubadora de inovação, haverá sempre uma grande taxa de insucesso, a par de ideias que sobrevivem e fazem o seu caminho. Juntas, coordenadas e bem comunicadas podem fazer uma marca. A marca de uma cidade inovadora.

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