Dia Mundial do Animal e as touradas

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Mário Nunes

Uma louvável iniciativa dedicada aos animais que precisam de donos, tem sido levada a efeito pelas “Beiras”. Alertas e convites, com fotos, divulgam e sensibilizam os leitores para os defender e estimar. Aplaudimos.

Este gesto comunga e justifica as comemorações anuais do Dia Mundial do Animal, dia 4 de outubro, uma data importante que assinala a jornada de consciencialização das pessoas e de divulgação e visibilidade para defender os animais. Data efetiva da declaração de 1929, saída do Congresso de Proteção Animal, em Viena, que ao instituí-la, homenageou o protetor dos animais, São Francisco de Assis. Declaração aceite por 45 países e completada, em 15 de Outubro de 1978, por iniciativa da Unesco, com a aprovação da Declaração Universal dos Direitos dos Animais.

Barcelona, que teve a última tourada no pretérito fim-de-semana, soube entender o desconforto e a crueldade para com os touros e proibiu as touradas na Catalunha. Um ato de louvar que inviabiliza o sacrifício, anual, em Espanha, de doze mil touros. Os não aficionados aguardam que a proibição se estenda à Galiza, recetiva a idêntica medida. A Suíça criara, já, em 2010, uma entidade de defesa dos animais que zela, juridicamente, pelos seus direitos. Portugal luta por isso. Exemplos gratificantes que pretendem terminar com um espetáculo degradante que permite sujeitar os animais a sofrimento atroz para gáudio de cidadãos que deliram com a dor, exultam com o sangue, gritam e aplaudem a morte dolorosa.

Rejubilámos de contentamento com a notícia de Barcelona, porque desde criança não compreendemos como infligir tortura e morte indigna, a qualquer ser vivo, em condições horrendas, plenas de crueldade, pode proporcionar prazer ao homem. E na tourada, os maus tratos físicos atingem o rubro, desde a preparação nos bastidores antes do triste espetáculo, até ao desfecho final com o sangue a escorrer ou a estocada de morte.

O leitor já refletiu na aflição, impotência, angústia e no pressentimento da morte pelo animal quando é lançado num recinto fechado, indefeso, acossado por todo o lado, assustado com a vozearia dos assistentes, a sangrar e a sofrer com os ferros cravados por cavaleiros, que a cada movimento mais ferem a carne, desorientado com as capas que lhe atiram aos olhos, violentado pelo embate, molestamento e arrastamento pelos forcados, acrescido do calor e do pó a toldarem mais o cenário de sangue e dor? E, os horríveis preparativos, antes de entrar na arena? Todos estes atropelos ao animal totalizam um vendaval de atrocidades.

Argumentam os apaixonados pelas touradas que há valores económicos, cria-se espetáculo, preserva-se a tradição e fomenta-se a destreza, a coragem e a arte. Mas, como se compagina a morte com prévio sofrimento e se preserva o direito elaborado pelo homem para acabar com cenários desta violência?

Condenamos, hoje, os espetáculos da época romana pela ferocidade e horror que produziam prazer aos presentes. No século XXI continuamos a praticar ações de total desumanidade, apesar da escravatura, aparentemente, ter terminado em 1836, e do homem ter instituído a Carta dos Direitos dos Animais.

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