Amar Portugal: cartas ao poder e aos poderosos

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Norberto Canha

A todos quero lembrar:

Que defino inteligência como a capacidade de prever o futuro. O desmoronamento dos Países e das economias veio demonstrar que há muito doutor e salvador e muito poucos inteligentes.

Da guerra das economias resultou a existência de duas formas de capitalismo – o capitalismo dos capitalistas e o capitalismo do Estado tendo como denominador comum a ganância de poder – psicose do poder económico e ideológico ou ambos os poderes assinalados.

Quero lembrar que quando os têxteis ingleses, produzidos em Manchester, começaram a inundar a Índia, Gandi promoveu uma greve geral aos têxteis importados tendo como argumento: “Se se consomem os têxteis importados, que fazer aos milhões de indianos que vivem da sua produção”. No momento actual, se se exporta tecnologia e se importam produtos acabados e as máquinas fazem o trabalho dos homens, qual é o papel dos homens e em que se podem ocupar / trabalhar?

Tenha apreço por Krutshev, apreço pela sua frontalidade. Quando foi à ONU, tirou um sapato e bateu com o tacão com impacto, no tampo da bancada. Foi interpretado como uma grosseria, mas eu creio que queria significar que tinha desprezo pelos políticos e pelos seus arranjos e conveniências.

Um jornalista, creio que italiano visitou-o na sua casa. Ao visitar a garagem verificou que havia muitos carros topo de gama, de vários modelos entre os quais um Ferrari. Perplexo interrogou Krutshev: “então o senhor é comunista e tem todos estes carros? Resposta pronta: “ Então eu fiz a revolução para viver pior?”. Só que deveria ter dito: “nós fizemos a resolução para viver pior? Com tristeza, há que concluir: – que os feitores das resoluções e contrarevoluções as fazem apenas para viverem melhor, desprezando toda a desgraça que deixam pelo caminho!

A seguir ao término da guerra do Afeganistão, desencadeada pelos soviéticos, uma embaixada de afegãos foi aos Estados Unidos da América pedir apoio para a recuperação do País.

Foi-lhes perguntado: “Têm petróleo”?. “Não”, foi a resposta.

“Então o Afeganistão não nos interessa”, ouviram como resposta!

Quando foi do massacre de Timor, foi perguntado a Weinberg, secretário de Estado dos Estados Unidos, de visita à Indonésia, em Djacarta:

– Que diz a este massacre?

Resposta: “Timor não faz parte dos interesses dos Estados Unidos”.

Sem comentário!

E a Indonésia não queria Timor, só não queria lá os comunistas. Como os políticos pertencem, na sua grande maioria, às Ciências Jurídicas, Humanistas e Empresariais, que se alimentam da palavra, da retórica, do contraditório, da engenharia financeira e das conveniências … não muito mais se poderá esperar deles.

Mas há necessidade imperiosa de um Congresso Mundial sobre o futuro do Planeta. Globalização; Prós e Contras; Caminhos a seguir; Limites.

Mas este Congresso Mundial tem que ter como motor de arranque e suporte- as instituições religiosas, cívicas, culturais – numa palavra, o Povo, sem subordinação ideológica para que esse Congresso seja a expressão do sentir, e o que há que percorrer e como percorrer. Devem-se instituir e acertar princípios orientadores e coordenados como sejam os princípios subjectivos e objectivos de uma Nova Ordem Mundial. Todos devem pensar que estão a prestar contas ao futuro, o mesmo que dizer, aos netos.

Pensando agora nos governantes do meu País, aqueles que mais me impressionaram e que considero inteligentes, foram três reis e “joãos”:

D. João II – Pelos descobrimentos.

D. João IV – pela Restauração e por ter criado, suponho, o 1.º Tribunal Militar do mundo – o alcance deste tribunal e a maior ilação a tirar dele é que cada profissão só pode ser julgada, com justiça, pelos da mesma profissão e ao juiz compete apenas aplicar a pena.

D. João VI – Não fugiu, foi para uma parcela diferente do Império, para continuar a governar e não ser um fantoche nas mãos dos invasores. Coube-lhe a honra de ser a 1.ª vez na história, em que um governante assim procedeu. No Brasil é tido como o seu melhor governante desde sempre: trabalhou todos os dias com os seus ministros e organiza o Estado Brasileiro de molde a que fosse um Estado de futuro e com futuro. O que está a acontecer!

Para que haja um Estado ou País tem que haver uma cultura. É assim que a agricultura é a 1.ª das culturas. Sem agricultura saudável não há liberdade e independência. Só subserviência! É esta a situação em que nos encontramos.

Temos que nos consciencializar – e nos momentos difíceis é que se conhecem os homens – de que o nosso procedimento tem que se alterar, voltarmos ao que sempre fomos: humildes, trabalhadores, imaginativos, de palavra, humanos e, às vezes, arrogantes na nossa persistência e teimosia.

Sendo a Agricultura a 1.ª das culturas, é nesse contexto que a primeira carta é dirigida ao Ministério da Agricultura, Pescas e Ambiente.

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