Sem qualquer hipocrisia, quero o Metro Mondego!

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Luís Vilar

Quando, no início de 2011, o Governo, então liderado por José Sócrates, pôs em causa a continuidade das obras do Metro Mondego, o que originou a demissão do Presidente do Conselho de Administração (Prof. Álvaro Seco), fui peremptório e escrevi que o Governo não podia maltratar Coimbra e, muito menos, que tivessem uma qualquer solução que não fosse ferroviária.

Em Coimbra, estávamos todos de acordo sobre esta matéria e, com maior, ou menor, habilidade, os dirigentes políticos e a sociedade civil, intervieram perante tal afronta.

Lembro-me do BE ter feito uma visita ao antigo ramal da Lousã, completamente esventrado; lembro-me da visita do actual Ministro da Administração Interna, então líder do Grupo Parlamentar do PSD também o ter feito, e do que disse na altura.

Recordo-me de ter escrito, porque tinha conhecimento, que o Metro do Porto iria recorrer ao QREN e, para terminar, até me lembro de ter escrito que o peso de Coimbra não se media pela quantidade de membros no Governo, outrossim pela sua capacidade de união em casos concretos, sem qualquer bairrismo serôdio. De tal forma que, qualquer ofensiva contra Coimbra e Região Centro, deveria de imediato ser rechaçada.

Com a legitimidade de ter escrito contra decisões do Governo do partido político em que milito, custa-me verificar que, nem à esquerda, nem à direita, tão pouco a sociedade civil, agora tem coragem para chamar a atenção do actual Governo.

Será que na altura já não queriam o Metro e só se manifestaram porque o Governo era do PS?

Então, vamos aceitar que o Metro do Porto, que até já tem carris, seja financiado pelo QREN, sem exigir ao Governo do PSD/CDS-PP que utilize o mesmo critério para o Metro Mondego?

Os Senhores Deputados pelo círculo de Coimbra estão esquecidos da votação na Assembleia da República há cerca de cinco meses ou só o fizeram pela mesquinhez político-partidária?

E os movimentos cívicos que então se manifestaram, através de marchas lentas, boicotes eleitorais e outras iniciativas?

Atitudes destas é que provocam o descrédito da política em geral e dos seus principais intérpretes, e põem em causa a cidadania.

A questão nuclear é sabermos se as populações vão andar muito mais tempo de camioneta e os custos das indemnizações a pagar pelo erário público.

Quanto mais tempo demorarmos a falar a uma só voz, como fazem outras Regiões, em assuntos nucleares como este, mais enfraquecidos sairemos e perderemos a nossa razão.

Mais grave ainda, não é por sermos bem comportados perante Lisboa, pondo as populações que representamos com prejuízos concretos, defraudando dessa forma as suas expectativas mais do que legítimas, que passarão a ter mais respeito por Coimbra e pelos seus representantes.

Tal como no início do ano, deveremos dizer que compreendemos a actual conjuntura financeira do Estado Português, admitimos emagrecimento das “gorduras” do projecto, compreenderemos a renegociação temporal, mas jamais aceitaremos que nos maltratem, politicamente, e muito menos às populações da Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra.

A mudança de Governo não pode significar a mudança de vontades, sob pena de nem todos querermos uma solução ferroviária e isso, seria um acto de grande hipocrisia e de traição às populações que durante mais de 100 anos tiveram comboio.

Daí que, para mim, sem hipocrisias, quero o Metro Mondego nos carris.

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