Comemorar os 30 dias de Governo da direita

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José Junqueiro

Falhou a eleição de Fernando Nobre como Presidente da Assembleia da República e dela saiu, depois de tremelicar, afirmando que levava consigo a ideia do dever cumprido.

Qual dever?! Cumprido?! O Governo saiu bem maior do que o prometido, ainda que sem Bernardo Bairrão, tão enfaticamente anunciado por Marcelo na TVI, em primeira mão. Ficou com alguns ministros a menos, secretários de estado a mais, sendo que alguém se lembrou de colocar um deles, o adjunto do primeiro-ministro, a liderar uma equipa de 30 técnicos para – segundo a imprensa – controlar o trabalho de todos os ministérios e seus titulares. Enfim, uma “nova ordem”na hierarquia para colmatar uma descofiança!

Ao contrário do que o PSD anunciara, aquando do derrube do executivo de José Sócrates e da reacção negativa dos mercados, a credibilidade deste seu Governo passou a ser menor e não maior, tendo subido os juros a 10 anos de 7 para 11%. O “novo” Presidente da República, o que dizia “não vale a pena recriminar as agências de rating”, afirma agora que “as agências norte-americanas são uma ameaça”. E compreende-se, porque baixando o rating da República o do seu Presidente também não sobe!

Depois de um “desvio colossal” anunciado pelo Governo, este, ao fim de dez dias, na Assembleia da República, nos jornais e nas televisões, veio afirmar que não dissera nada disso e que se tratava de uma interpretação abusiva. Acontece que nesse dia número dez a maioria de direita fazia aprovar um corte de 50% no subsídio de Natal e um aumento de 3,5% no IRS para, logo a seguir, avançar com mais 15% em média nos transportes, tudo em nome de um “equívoco colossal”.

Para tão má interpretação é preciso ser muito imaginativo para perceber a “coima preventiva” nos vencimentos e IRS, salvo, claro, no que respeita aos dividendos ou juros dos depósitos, porque destes cortes se livraram, por exemplo, os dez primeiros (e os outros) do “raking” dos mais ricos de Portugal. Nomeando mais quatro administradores para a Caixa Geral de Depósitos, três do PSD e um do CDS, passando para onze a sua administração, o Governo, imune às críticas de Lobo Xavier e Pacheco Pereira, tratou de vender o BPN à entidade presidida por Mira Amaral, por 40 dos 2.400 milhões que já custou, obrigando-se o Estado a um reforço extra de capital de 500 milhões e ficando de pagar as indemnizações dos quase 800 trabalhadores que vão ser despedidos. O Banco regressa às origens de que muitos vão matar saudades e, sabe-se lá, recuperar de alguns dissabores.

Tudo isto nos faz compreender por que motivo uma zelosa deputada do PSD fez uma chamada falsa para o INEM, eventualmente para pôr a “laranja no cimo do bolo” e comemorar os 30 dias de Governo da Direita.

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