Luís Matias é professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. O sismólogo afirma que o nível de perigosidade sísmica da região é baixa.
Por que é que a terra treme?
A terra treme, essencialmente, porque existem forças que a fazem tremer (movimento das placas tectónicas). Podemos imaginar pegar num palito de gelado e dobrá-lo. Ele vai dobrando, mas, a certa altura, a madeira não resiste e rompe. Quando isso acontece, gera-se um som, que é o sismo. Portanto, temos um processo dinâmico: a acumulação de forças; as rochas suportam-na, até um certo limite, e quando esse limite é ultrapassado, rompe-se e gera-se um sismo. Essa rutura súbita dá origem às ondas sísmicas, que se propagam por todo o globo, acabam por se sentir à superfície e provocam destruição.
Parte do território português é zona de alto risco sísmico. Porquê?
O relatório de construção antissísmica divide o território nacional em quatro regiões que correspondem a quatro zonas de diferente risco. (…) A Zona A, de maior risco, e a zona D, de menor risco. A Figueira da Foz está na Zona C, ou seja, entre as duas zonas de menor risco. Portanto, o território não é homogéneo quanto ao risco sísmico porque temos, a sul, uma fronteira de placas- a colisão da placa euro-asiática, onde nos inserimos, com a placa africana. O perigo sísmico vem dessa zona. Quanto mais longe estivermos dela, menos afetados seremos pelo risco sísmico. O novo regulamento propõe cinco zonas. Neste caso, a Figueira da Foz está na nona de menor gravidade.
E em que zona se enquadra a região Centro?
Eu diria que toda a região da Beira Litoral está numa zona de pequeno risco moderado. As zonas de maior risco estão no Algarve e na região de Lisboa.
Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra no programa “Clube Privado” da Foz do Mondego Rádio (99.1FM), às 19H00 de hoje (12 de agosto) e de amanhã e às 22H00 de domingo.