“Os quadros bons vendem-se todos”, afirma o galerista Beja da Silva

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Beja da Silva é galerista a tempo inteiro há mais de 20 anos. Mas a paixão pelo negócio da arte nasceu cedo, quando se apercebeu que não tinha jeito para a pintura. É dono da galeria O Rastro, na Figueira da Foz, um ícone no panorama das artes plásticas da região Centro.

 

O que é o levou a ser galerista?

 

Quando tinha 12 anos percebi que nunca iria ser pintor – não tinha jeito nenhum (risos) – e achava que comprar e vender pintura seria uma forma de me sentir realizado. Há 22 anos que me dedico a tempo inteiro às galerias, mas em part-time comecei muito novo, estava no estrangeiro, comprando arte sacra nas feiras de rua.

 

A conjuntura está a afetar o negócio das artes?

 

Os quadros bons vendem-se todos. O problema está na classe média… Há cada vez mais pessoas a investir em arte, independentemente de gostarem ou não da obra. É uma forma de investimento.

 

Quem é o artista figueirense que vende mais?

 

Digamos que há três artistas figueirenses vivos que se vendem melhor- José Penicheiro, Mário Silva e Cunha Rocha. Entre os artistas mortos, encontramos Mário Augusto, mas também temos os pintores de Coimbra Fausto Gonçalves, Fausto Sampaio, Carlos Ramos.

 

Em tempo de crise os artistas vendem as suas obras por um preço mais baixo?

 

Os pintores de topo, aqueles que são mais caros, mais procurados, estão cada vez pior porque acham que as pessoas vão continuar a procurar os quadros deles. No patamar a seguir, é natural que a crise também os afete. Mas, enquanto podem, mantêm os preços das suas obras.

 

As instituições e as empresas figueirenses investem em obras de arte?

 

Não. Algumas empresas têm comprado, mas não há muitas empresas a investir em arte.

 

Foi exilado político do Estado Novo. Que memórias guarda desses tempos?

 

Era a atitude mais cómoda, embora difícil. Não me considero nenhum herói. Acho que era a maneira mais cómoda de mostrar o nosso repúdio pela guerra colonial e pelo salazarismo.

 

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