Teixeira dos Santos e o Museu Académico

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Mário Nunes

Dia 18 de maio completaram-se 15 anos sobre o falecimento do Dr. Joaquim Teixeira Santos. A data e o nome poderão, para alguns, pouco significar. Porém, a Universidade, a Academia e a cidade registam o valor de um cidadão conimbricense que devotou a sua vida, acção e dinamismo em prol das riquezas culturais e tradições académicas da nossa Coimbra. Um apaixonado por tudo o que lhes dissesse respeito, um abnegado defensor e promotor do seu património e das suas gentes. O obreiro incansável do nascimento do museu académico, instituição que resultou duma exposição que pretendeu divulgar o acervo académico e realizada em 1951. Nela, embrião do museu, se procurou reunir tudo o que se relacionasse com o estudante de Coimbra, a sua Universidade e com os diversos organismos autónomos da AAC, então dispersos por salas da sede da Associação, sita no Palácio dos Grilos e, mais tarde, na rua Padre António Vieira.

Daquele evento cultural resultou uma Comissão Instaladora, que integrou Teixeira dos Santos, e que realizou, em 1953, nova exposição, que confirmou a valia do empreendimento, fazendo esquecer os desânimos e hesitações de concretizar o museu. A Assembleia Magna da Academia sentiu e entendeu a mensagem e deliberou aprovar a instalação. O espólio recolhido foi colocado em duas salas da Academia. O Museu passou a integrar uma das Secções. Mas, o local não era apropriado. E, ao desocupar-se o edifício do velho hospital reservou-se um espaço para o efeito. As novas instalações tornaram pedagógica e dignificada a unidade museológica. A inauguração aconteceu em 11 de Dezembro de 1987 pelo então Presidente da República, Dr. Mário Soares e inserida no primeiro centenário da AAC. Nas comemorações dos 700 anos da fundação da Universidade recebeu obras de beneficiação e em 20 de Dezembro de 1990 foi assinado o protocolo de cedência definitiva, sendo Reitor o Doutor Fernando Rebelo. No dia seguinte e por unanimidade, Teixeira dos Santos assumiu a Presidência, que exerceu até falecer. Sucedeu-lhe o actual Presidente, Dr. Artur Ribeiro.

Joaquim Teixeira dos Santos entregou-se, ainda mais, à causa prestigiante de defender os valores da urbe e de divulgar, em todo o mundo, o Museu, a sua cidade, a Academia e a Universidade. Esta dedicação mereceu-lhe, pelo Município conimbricense, a distinção de figurar na toponímia, conforme deliberação da Comissão de 25 de Junho de 2009 e ratificação do Executivo em 13 de Julho daquele ano. Falta, ainda, a rua.

Há dias e próximo da morte de Teixeira dos Santos, assinalaram-se os 60 anos do Museu Académico, mas aquele não teve, nessa jornada e no nosso entendimento, o relevo que deveria ter tido. Embora os palestrantes abordassem a sua iniciativa e determinação, pensamos que um homem que lutou tantos anos por um espaço, uns estatutos, um espólio e uma autonomia, e quando perfazia 15 anos do falecimento, mereceria outra atitude de gratidão. A esposa, Drª. Manuela Carvalhão Santos, autora de uma brochura alusiva ao percurso do marido na criação e afirmação do Museu Académico, não escondeu a tristeza por esse esquecimento. A memória de Teixeira dos Santos impõe uma condigna homenagem.

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