Olá escherichia coli. Tudo bem?

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morreram mais de trinta pessoas com a E-coli de um total de 3.000 atingidos pela nova bactéria. Gosto da expressão E-coli! Quando tive de aprender a dizer Escherichia, não foi nada fácil, mas, com o tempo, lá consegui. Agora, resolve-se a um E seguido de coli, que é muito mais fácil de pronunciar. Uma criança com dois anos morreu de síndroma hemolítico urémico provocada pela nova estirpe bacteriana. Mais uma vítima, agora um alemão com 90 anos. Tudo isto é alvo de prioridade nas notícias da rádio, dos telejornais, dos jornais, enfim, viva a E-coli, mais uma ameaça de que o fim do mundo está próximo. O que interessa é isso mesmo, que apareçam ameaças que deem cabo da humanidade. Tanto pode ser a SARS (ainda se lembram dela?) a gripe das aves, a gripe A ou qualquer outra gaita, como o bug do ano 2000, a profecia dos maias ou as maluqueiras de visionários como o tele-envangelista Harold Camping, que previu o fim do mundo para o passado dia 21 de maio (não dei conta!), mas não conseguiu prever o seu acidente vascular cerebral depois dessa data. Julgam que se incomodou? Qual quê! Adiou o Armagedão para o próximo mês de outubro. Está bem! Se ele julga que me dá um abalo está muito enganado. Quanto às notícias da Escherichia coli, permitam-me dizer desta forma – não posso esquecer que levei algum tempo a aprender a pronunciar e a escrever esta palavra, e, agora, não estou para simplificações, era o que mais faltava, porque não devo amputar a minha erudição ante mais um “fim do mundo”! -, está a ser dramatizada de uma forma patética.

Mas o que é que leva a comunicação social a dar tanta importância a uma bactéria, que se lembrou, e muito bem, em adquirir novas características, provando que, afinal, a evolução existe? Quando surge algo de anormal (?) nada melhor de que obter dividendos financeiros ou, então, dar cabo da economia de uma qualquer região ou atividade. Coitados dos pepinos, coitados dos produtos vegetais, coitados dos contribuintes, e lá se foram para o esterco centenas de milhões de euros e o aparecimento de mais crises económicas. Mas há lucros? Claro! Quanto mais olhos, quanto mais ouvidos para estes assuntos, melhor. Todos querem ouvir, todos querem ler, levando, por tabela, com alguns anúncios a produtos que são piores do que o esterco, esterco que está na base do aparecimento desta bactéria. Esta bactéria sabe da poda e sabe como sobreviver. Meu deus, se soubessem quantas bactérias liquidam seres humanos diariamente, nas mais diversas condições, decerto não ligariam a esta situação, que vale o que vale. A história da medicina está recheadíssima destas coisas, e o mundo não acabou.

Neste caso concreto, a razão de ser desta doença é simples de explicar, os atingidos comem “esterco”! As fezes de animais como vacas e porcos podem ser os responsáveis ou, até, as de humanos. Esta coisa de utilizar os excrementos de animais e de humanos como adubos naturais não é novo. Foram, desde todo o sempre, utilizados na agricultura, mas, por vezes, podem estar na origem de “surtos” de infeções. Não esquecer que o uso e abuso de muitos antibióticos e antisséticos podem explicar a origem de resistências das bactérias, as quais, como é facilmente compreensível, também lutam pela existência, até, porque sem elas a “vida” (macro) não existiria.

No fundo a mensagem é muito simples de transmitir: a natureza não gosta de nós (humanos), mas, também, não nos odeia, ignora-nos simplesmente, colocando-nos num ponto que não queremos aceitar: não somos mais do que as outras espécies. Não é por causa das aberturas dos telejornais e da comandita que vive e adora disseminar o pânico que se consegue resolver alguma coisa, ou talvez consigam, porque, em matéria de negócios, são sempre bem-vindas novas áreas, mas para isso é necessário “aumentar” os olhos e os ouvidos para a comunicação social. Esta rapaziada sabe muito, mas se deixassem as coisas correr como deveria ser, então, talvez não provocassem tanta angústia e prejuízos financeiros a ponto de certas pessoas terem de realizar concursos, divertimentos e palhaçadas para poderem vender e escoar os vegetais.

Que chatice. E logo os vegetais que fazem tão bem à saúde! Onde param os arautos e os evangelistas dos vegetais? Calados como os pobres dos pepinos.

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