Editorial: Eduarda Macário

O novo Governo afirmou ontem (27) que vai “dar o exemplo ao país”. E desde logo, promete reduzir a sua estrutura organizativa e de custos. É um bom sinal, se essa reorganização começar – e incidir, fundamentalmente -, em quem ganha sem nada fazer; em quem tem privilégios aos mais diversos níveis, sem os merecer. A avaliar por alguns pormenores dos programas dos vários ministérios que foram divulgados ao longo do dia de ontem, é verdade que as medidas parecem apontadas ao cerne de alguns problemas que se foram agudizando com o passar dos anos… e dos governos.

Exemplo disso, é o compromisso assumido pelo Governo em alterar o acesso aos cargos públicos. Garante que será criada “nova legislação que estabeleça um sistema independente de recrutamento e seleção” para o Estado. Será que finalmente, os cargos públicos vão ser ocupados pelo mérito e não pelas cunhas ou ligações partidárias? O povo português anda um pouco descrédito das boas intenções dos políticos.

Mas, ainda terá a capacidade do benefício da dúvida. Caberá ao Governo, através do seu programa, provar que merece a confiança de quem já comeu demasiado e não gostou! É interessante dizer que haverá mudanças na remuneração dos gestores públicos, numa “lógica de racionalização e contenção” dos encargos. Que, finalmente, as responsabilidades vão ser pedidas a quem as deve assumir logo a começar pelos próprios ministros que vão responder pelo cumprimento à risca dos limites orçamentais do seu ministério. Que vai acabar a “mama” das pontes demasiado longas. É bom que as promessas não passem de palavras vãs. O país tem muito que fazer para cumprir os objetivos da “troika”. Eles não estão a brincar. Portugal não pode brincar. A Grécia está mesmo ali ao virar da esquina!