Guarda, referência de cidadania

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Olinda Rio

A liberdade não se afirma só na escolha do que queremos fazer acontecer, afirma-se também na forma como escolhemos viver o que nos acontece.

Escolher celebrar o melhor do que foi a acção notável de João Bento Raimundo – o mentor e precursor do Instituto Politécnico da Guarda (IPG); de João Gomes – o advogado corajoso, democrata, o Homem bom, agraciado várias vezes, ainda em vida – e o de uma instituição de ensino, secular e prestigiada, como o Liceu Nacional da Guarda (a minha Escola Secundária Afonso de Albuquerque), atribuindo-lhes a Medalha de Mérito Distrital, é escolher viver com optimismo, com alegria, com sabedoria e com muito sentido de responsabilidade, um legado de valor incalculável para a cidade. É uma forma bonita de avivar memórias nos mais velhos e fazer conscientes os mais novos, de factos relevantes para a sua cidade, da qual devem sentir-se orgulhosos, bem como dos seus protagonistas.

– O IPG é a marca de modernidade da Guarda perante a história. A realização mais eficaz para o desenvolvimento, afirmação e modernização do Distrito da Guarda, do Portugal de Abril. Uma referência em termos estratégicos, em termos de concretização dos investimentos, da sua rentabilização e um exemplo a seguir no que respeita a racionalização de custos. Sendo uma Obra colectiva é justo destacar João Bento Raimundo o rosto, a figura, o cidadão indissociável da concretização e consolidação deste desígnio.

– Cheguei a conhecer pessoalmente o Dr. João José Gomes. Lembro-me de vê-lo passear com o seu fiel amigo, um pastor alemão, que fascinava as minhas irmãs mais novas. A Guarda devia esta homenagem a este homem de convicções, muito conotado com a resistência anterior ao 25 de Abril. Retenho-o, sobretudo, como uma referência em termos de humanidade, simplicidade, trato generoso e de grande independência política.

– As sucessivas gerações de alunas e alunos, professoras e professores, que passaram pelo Liceu Nacional da Guarda, há muito que lhe prestam homenagem nos seus corações, sentindo-se agora retratadas nesta homenagem pública. São milhares, muitos, personalidades de relevo a nível nacional e internacional, para quem o LNG foi uma marca da sua juventude, dos anos mais importantes na formação da sua personalidade e do seu carácter. A Guarda tem como imagem de marca ser uma Cidade de Estudantes. Basta dizer-se que os estudantes do Liceu da Guarda, nos anos 50 e 60, usavam capa e batina como os estudantes da Universidade de Coimbra. Respeitando o exemplo do passado, também reflectido no prestigiado Magistério Primário, o Instituto Politécnico da Guarda foi, à época, uma extensão quase natural, uma presença do futuro, como veio a afirmar-se.

A decisão é um risco. E obriga a agir. Um “talvez” não tem implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o vazio. Sejamos claros: a Guarda não consegue competir, projectar, renovar-se, se nivelar por baixo a sua realidade. O Governo Civil da Guarda, ao decidir agradecer, valorizar e perpetuar o mérito das suas pessoas e das suas instituições, está a depositar esperança e a contribuir para construir um imaginário positivo, saudável e rico nos vindouros.

Desvalorizando polémicas estéreis e inúteis, a Guarda está a dar um exemplo de cidadania a este País que, sem razão, vê a sua auto-estima diminuída pelos mesmos de sempre, os “May be man”, do Mia Couto, que nada fazendo, não perdem uma oportunidade de menorizar a acção de quem, corajosamente, age.

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