“Pampilhosa da Serra não tem boas estradas para Coimbra”

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Foto Gonçalo Manuel Martins

P – O que falta a Pampilhosa da Serra?

As pessoas que vivem na Pampilhosa da Serra têm o fundamental para uma vida com qualidade. Uma qualidade de vida que, infelizmente, mais pessoas não podem aproveitar porque faltam acessibilidades que potenciem o investimento e que inverta o abandono e a desertificação destas terras que é um verdadeiro drama. Temos procurado garantir as condições básicas nas 109 povoações que hoje estão servidas com estradas pavimentadas, água ao domicílio, eletricidade e telefone. A situação mais incompleta refere-se ao saneamento básico que estará na ordem dos 45 por cento em termos de cobertura.

P – Quais as estradas fundamentais?

R – Sem dúvida que a EN343 melhora muito a nossa ligação a Coimbra, que o IC3 também vai beneficiar bastante toda esta região. Mas é a Concessão do Pinhal Interior Norte que finalmente foi considerada uma prioridade para o Governo, que é crucial para estes 14 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Pinhal Interior. É fundamental, a ligação do IC8 à A23 através do Vale do Zêzere, que permitia desencravar este interior do Interior. E não podemos esquecer que o porto mais próximo de Madrid fica na Figueira da Foz que é servido pelo IC8 e pela A17. Melhorando estas ligações, não só contribuímos para o desenvolvimento económico, como atraímos turistas. Nós não queremos uma auto-estrada, mas queremos e merecemos uma acessibilidade moderna que permita aproveitar as nossas riquezas.

P – Que riquezas quando se diz que Pampilhosa da Serra é um dos concelhos mais pobres do distrito e da região?

Se ser pobre é não ter as condições ideais para cativar investimentos e investidores, então Pampilhosa da Serra é um concelho pobre pois não tem as acessibilidades que lhe permite crescer e cativar investimentos. Mas somos ricos porque temos uma boa qualidade de vida, paisagens naturais e espaços de qualidade para potenciarmos o setor do turismo. Temos Aldeias de Xisto, gastronomia única, artesanato, projetos únicos na Europa e temos uma alma serrana que é sábia a encontrar soluções. Mas, tem que haver coragem para reconhecer que a falta de boas acessibilidades tem impedido o concelho de atrair investidoress e população. Mas as pessoas começam a pensar, e a dar sinais, de que compensa viver na Pampilhosa, mesmo que o ordenado seja inferior. Temos uma grande comunidade em Lisboa, cerca de 30 mil pessoas, que já começa a regressar a casa.

P – Provavelmente, os casais mais velhos que estarão cansados da grande cidade. E os jovens? Os que acabam a licenciatura e não tem emprego?

R – … que, infelizmente, não têm emprego em lado nenhum. Nem aqui na Pampilhosa, nem em Coimbra ou em Lisboa. Tenho tido uma preocupação muito grande com os jovens e temos procurado criar as mais diversas respostas para que aqui fiquem. Criámos estágios profissionais, procurámos criar espaços onde tenham as mesmas respostas dos centros urbanos, como bibliotecas, espaços de Internet, espaços de lazer, apesar dos momentos difíceis e dos problemas criados às autarquias pelos sucessivos PEC’s.

P – Que tipo de problemas?

Por exemplo, a Câmara de Pampilhosa da Serra tinha um empréstimo de 3, 9 milhões de euros aprovado por unanimidade que foi chumbado pelo Tribunal de Contas por causa do PEC 2. E, não podemos esquecer o facto de estarem aumentar as solicitações a cada dia que passa. Nunca tanta gente veio ter com a câmara para resolver situações de emprego, de probreza e de carências sociais. E ainda há aqueles que nunca tiveram que pedir ajuda e que agora têm vergonha de dar a cara e a que os serviços têm que estar atentos para evitar situações sociais mais graves. O nosso Gabinete de Ação Social não tem tido mãos a medir. Decidimos oferecer os livros a todos os estudantes desde a Escola Básica até ao secundário. E damos mil euros de cada vez que nasce um bebé mas em forma de vales. Chamámos-lhe “a minha primeira ajuda”, que consiste numa ajuda de mil euros em vales de 50 euros para comprar produtos de criança, só na Pampilhosa.

P – A situação económica prejudica, necessariamente, a concretização de outros projetos.

R – Sem dúvida. Mas hoje, com as dificuldades vividas a nível nacional, temos que ter a coragem para decidir que as pessoas estão em primeiro lugar e que os projetos serão postos de parte, à espera de melhores dias. Ou, então, concretizados mais lentamente

P – E são muitos?

R – São alguns que consideramos fundamentais para o concelho. Temos, por exemplo, o projeto “Ventania” com sete milhões de euros financiados a 70 por cento pelo Prover. Trata-se de um projeto na área dos ventos que vai revolucionar a vila que vamos fazendo devagar. É um projeto constituído por conteúdos de experimentação ligados ao vento e virados para os jovens estudantes. Tem um equipamento único na Península Ibérica. Trata-se de um túnel de vento onde é possível voar sem asas. Visitámos um em França e outro na Alemanha e confirmamos que tem uma ocupação constante e até serve de treino aos paraquedistas. Mas há outros. Temos o projeto para uma via que liga as Aldeias de Xisto de Fajão e Janeiro de Baixo e que passa pela Barragem de Santa Luzia. Uma obra de dois milhões de euros; temos os caminhos pedestres que cativam cada vez mais adeptos; investimos em desportos radicais.

P – Projetos a pensar no turismo. Mas faltam respostas para os segurar por cá.

R – Na verdade, faltam… mas por pouco tempo. Temos um investidor privado que vai construir um hotel de quatro estrelas aqui na vila. Trata-se de Rui Olivença que, apesar de ter saído daqui há muitos anos, nunca esqueceu a sua terra e agora permite concretizar um dos anseios antigos deste concelho. As terraplanagens arrancaram e tudo está bem encaminhado.

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