Preço dos combustíveis no limite do tolerável

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O preço do gasóleo atingiu ontem, em vários locais do distrito de Coimbra, preços a rondar 1,33 euros, enquanto a gasolina subiu acima de 1,52 euros. São os valores mais elevados desde junho de 2008, quando o preço do gasóleo, por exemplo, chegou aos 1,43 euros, apenas mais dez cêntimos do que o máximo registado ontem pelo DIÁRIO AS BEIRAS em postos de abastecimento da região. A média, todavia, ronda 1,287 euros (gasóleo) e 1,483 (gasolina 95). São valores da Direção Geral da Energia e Geologia, que obriga todos os  titulares da licença de exploração a atualizar diariamente os preços praticados (tal como o fazem à entrada da área de serviço), sob pena de incorrerem em coimas que podem ir até aos 30 mil euros para pessoas coletivas.
É neste contexto que os representantes da Associação Nacional das Transportadoras Portuguesas (ANTP) reúnem hoje com o Governo.
Em discussão está o efeito do preço dos combustíveis no custo final dos serviços de transportes de mercadorias, o que leva o presidente da organização, Artur Mota, a equacionar a necessidade de fazer “a redução do peso dos impostos”, “a atualização tarifária” ou “a criação do gasóleo profissional para transportadores, que são um dos pilares da economia”. Caso contrário, e se o preço dos combustíveis continuar a subir, “há risco de encerramento de algumas empresas”.
A Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP) garante que os combustíveis representam mais de 30 por cento da estrutura de custos das empresas. Os aumentos, que já se refletiram em duas atualizações só nos primeiros cinco dias de janeiro, é justificada pelo aumento do IVA de 21 para 23 por cento, mas também pelo fim da isenção fiscal (Imposto sobre Produtos Petrolíferos) ao biodiesel.
Atendendo a que, por lei, o gasóleo rodoviário tem de incorporar pelo menos sete por cento de biocombustível – no âmbito da diretiva comunitária que pretende substituir, progressivamente, combustíveis fósseis por energias renováveis –, esta sobrecarga representa dois cêntimos no preço total, motivo pelo qual o gasóleo subiu mais do que a gasolina nos últimos cinco dias.
Assim, os preços de janeiro de 2011 não estão muito longe dos que conduziram várias empresas transportadoras a manifestarem durante três dias em junho de 2008, quase paralisando o país. Desta vez, porém, Artur Mota não prevê que se repita a convulsão social daquele verão porque, afirma, “não estamos no campeonato das greves, não estamos em época de parar, mas sim de trabalhar”.
A previsível escalada do preço do petróleo (embora as cotações internacionais tivessem descido ontem), a que acresce a constante desvalorização do euro face ao dólar e uma acentuada retração do consumo (que poderá atingir oito por cento em Portugal), deixa a Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec) apreensiva quanto às dificuldades de manutenção de grande parte  dos 60 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, do setor.

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