Mário Pessoa continua a não assumir a morte do guarda Dias

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Realizou-se ontem (4) a terceira sessão do julgamento de Mário Pessoa, 42 anos, no Tribunal de Montemor. Foram ouvidas quatro testemunhas de acusação: os inspetores da PJ José Carlos, Sandra Rocha e Helena Ramos e o militar da GNR Antero Almeida, respetivamente.

A primeira testemunha garantiu que foram disparados três tiros de caçadeira no interior da ambulância onde o arguido matou a mulher, Manuela Rama, 35 anos. E no posto da GNR, encontrou provas de quatro tiros de revólver.

O revólver que Mário Pessoa levou para a cela, disse o inspetor da PJ, tinha capacidade para seis balas: duas permaneciam intactas e as outras quatro haviam sido deflagradas. Um dos projéteis terá atingido o guarda Teixeira, dois o colega Dias, 42 anos, que morreu, e foi ainda encontrado um fragmento de projétil no corredor de acesso às celas.

Um dos projéteis foi encontrado intacto junto ao corpo da vítima mortal, o mesmo que terá provocado um orifício no blusão do guarda, na zona do emblema. “É possível que o guarda Dias tenha sido atingido no corredor (com o tiro que não penetrou o corpo) e se tenha refugiado na cela”, conjeturou o inspetor da PJ.

O militar foi encontrado na cela contígua à de Mário Pessoa e sem rastos de sangue junto ao corpo, cerca de meia hora depois dos disparos, pelos colegas, que estavam concentrados em auxiliar o guarda ferido, não se tendo apercebido da sua morte. Indagado pelo advogado da viúva, Emílio Torrão, o investigador policial sustentou que a arma não foi disparada acidentalmente.

Foi o guarda Antero Almeida quem registou a queixa de Manuela Rama contra Mário Pessoa, que se apresentou no posto da GNR como vítima de violência doméstica. Eram cerca das 07H30 de 29 de novembro de 2009. O sogro e a filha, de cinco anos, acompanharam-na ao posto da guarda, e a menor seguiu com ela na ambulância.

Depois de matar a mulher, o terror ainda não tinha acabado: quando se encontrava detido, Mário Pessoa terá disparado vários tiros com o revólver que tinha no bolso. Ainda ninguém esclareceu se o detido disparou no corredor ou no interior da cela. Mário Pessoa não foi algemado e só foi revistado cerca de meia hora depois de estar na cela.

Na sessão, o arguido usou da palavra, revelando que ouvira disparos produzidos por um sistema de gás, “para assustar pardais”, instalado num campo de arroz, quando se encontrava na cela. “Não devia ter entregado o revólver à GNR, devia ter esperado pela PJ”, defendeu. Afirmou ainda que fez apenas dois disparos com aquela arma, frisando: “supliquei para que chamassem o sargento Araújo, para ir buscar o revólver à cela, que estava no chão, mas tiveram medo”.

Ainda ontem, Mário Pessoa afirmou que não viu a filha na ambulância onde assassinou Manuela Rama. “Se tivesse deixado as armas em casa, não estaríamos aqui hoje e a sua mulher e o guarda Dias estariam vivos…!”, repreendeu o presidente do coletivo de juízes, Pedro Figueiredo.

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