Tudo se precipitou ontem na economia portuguesa. A queda abrupta do títulos dos bancos na Bolsa, o aumento de juros da dívida pública acima dos sete por cento (entretanto controlado pela compra de parte da dívida pelo Banco Central Europeu) e as movimentações políticas sobre a iminente entrada do Fundo Monetário Internacional (FMI) deixaram os agentes económicos e o Governo à beira de um ataque de nervos. Isto em vésperas do leilão de dívida pública, que terá lugar amanhã, com o objetivo de obter cerca de mil milhões de euros de dinheiro emprestado.
Se os juros pedidos pelo mercado comprador voltarem a subir acima dos sete por cento, não deverá restar outra saída ao Governo do que pedir ajuda financeira internacional. Assim aconteceu com a Grécia e Irlanda, que pediram apoio financeiro a Bruxelas poucos dias depois dos respetivos juros terem atingido esse patamar, em abril e novembro de 2010, respetivamente.
A subida dos juros exigidos pelos investidores no mercado secundário leva alguns analistas a defenderem que Portugal deve ponderar o recurso à UE e ao FMI, onde o preço do dinheiro ficaria mais barato.
A chanceler alemã, Angela Merkel, garantiu ontem que nunca irá pressionar qualquer país para acionar o plano de ajuda europeu, mas acrescentou que os fundos estão disponíveis para Portugal, se forem necessários.
União Europeia tem culpa
Analisando a situação, ainda recentemente, o professor auxiliar da Faculdade de Economia de Coimbra, Júlio Marques Mota, enviou uma carta aberta a Durão Barroso onde defende que se acabe “com a especulação contra a dívida soberana e contra as instituições financeiras ou da economia real, criem-se regulações sérias para o mercado de trabalho, em suma, mude-se a política global da União”.
Na sua opinião há um “tsunami silencioso que durante décadas tem desgastado, passo a passo, o próprio cimento onde assenta a construção europeia”, baseado numa “globalização selvagem, sem regras, que a União Europeia defende”.
Entretanto, hoje e amanhã, a comissão de eurodeputados constituída para acompanhar a crise financeira e liderada pela portuguesa Elisa Ferreira, está em Lisboa para reuniões, com o ministro das Finanças, governador do Banco de Portugal e instituições bancárias, entre outros.
Os parlamentares do Partido Popular Europeu (PPE) aproveitam a ocasião para se encontrarem com Passos Coelho. A família política do PSD na Europa considera que a possibilidade do país recorrer ao Fundo de Emergência Europeu “está na ordem do dia”, até porque “este é um procedimento muito semelhante ao que aconteceu com a Irlanda”, afirmou a eurodeputada Regina Bastos.
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