Cantanhede manifesta total apoio a Renato

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Ao contrário do que acontecia todas as semanas, Odília Pereirinha, enfermeira no centro de saúde local, não assistiu ontem (9) à missa dominical na Igreja de Cantanhede.

Àquela hora, a mãe de Renato Seabra (o modelo suspeito da morte de Carlos Castro) já estava a caminho de Nova Iorque  para apoiar o filho. Não pôde, por isso, ouvir as palavras que o padre Luís Francisco proferiu à população: “há coisas que são misteriosas e que ultrapassam a racionalidade e, até, a própria espiritualidade. É uma pessoa que está em jogo: faz sentido defendê-la até ao limite”, disse o pároco da diocese, que se lembra de ter visto o Renato na Missa do Galo.

A última vez que o estudante de Desporto da Universidade de Coimbra foi visto em Cantanhede – Renato vivia com a mãe e a irmã no centro da cidade – foi precisamente na altura do Natal. Dias depois (a 29 de dezembro) daria entrada, no Hotel Intercontinental, em Nova Iorque, acompanhado por Carlos Casto. O colunista de 65 anos seria encontrado morto, na noite de sexta-feira (hora local) com lesões na cabeça e mutilado sexualmente. O jovem da Bairrada – que, quem conhece, diz ser “uma jóia de rapaz” – é o principal suspeito do crime.

Terceira pessoa envolvida no crime?

Nos cafés e um pouco por toda a cidade, a detenção do jovem continuava a monopolizar os temas de conversa. Além de rostos incrédulos e, na maior parte dos casos, emocionados, o DIÁRIO AS BEIRAS encontrou uma onda de solidariedade a Renato Seabra, extensível à família. “Era extremamente assertivo e fantástico”, lembrou a professora de Biologia. “Sempre foi muito bem-educado e respeitador”, referiu, por seu turno, Margarida Maduro, uma conhecida da família que vai encetar “todos os esforços para ajudar no que for preciso”.

A notícia caiu como uma bomba na pacata cidade de Cantanhede. Ninguém acredita que Renato seja o autor do crime e a população chega, inclusivamente, a colocar a hipótese de o crime ter sido perpetrado por uma terceira pessoa. “Acha normal que alguém cometa um crime de fato e gravata?”, ouve-se, no café junto à igreja.

Nas mãos de Deus e da justiça

Foi ali que, há cerca de seis anos, que Maria Isabel, sua catequista, lhe incutiu os valores cristãos. “Ninguém deve fazer juízos de valor sem haver certeza”, diz a amiga que ficou lisonjeada quando, no final do concurso “À procura de um sonho”, ouviu Renato a dizer: “ontem à noite fiz as minhas orações e pus-me nas mãos de Deus”.

O modelo conseguiu chegar à final do concurso. Estaria, contudo, longe de imaginar que as portas que se abriam, lhe dariam acesso ao maior pesadelo da sua vida.

“Envolveu-se com duas raparigas em cinco dias”

Diz, quem o conhece, que Renato era “maníaco pelo desporto”. A sua grande paixão era o basquetebol, tendo jogado em vários clubes: na última época integrou a equipa da Associação Académica de Coimbra (AAC) que se sagrou campeã nacional universitária.

O jovem jogou também pelo Sport Clube Conimbricense durante três anos. O seu treinador, Fernando Guimarães, estava incrédulo com a notícia. “Era um menino inocente e um exemplo de educação”.

Tal como a população de Cantanhede, também a equipa – onde Renato jogou até participar no concurso da SIC –, está à espera de mais desnvolvimentos para saber o que realmente se passou e “apoiar naquilo que for possível”.

Sobre a alegada homossexualidade do atleta, Fernado Guimarães é peremptório: “ele não é homossexual. De todo”. E recorda que, numa das deslocações, quando a equipa foi à Madeira, Renato fez muito sucesso entre as miúdas. “Envolveu-se com duas raparigas em cinco dias”, conta.

Aluno disléxico mas brilhante

Fez 21 anos em Setembro. Renato é considerado um “miúdo cinco estrelas” que “nunca se metia em confusões”. Maria Dulce Sancho foi sua professora de Biologia no 12.º ano, na escola secundária de Cantanhede. “Tanto ele como a irmã (que tirou o curso de Medicina em Coimbra) eram muito bons alunos”.

A dislexia de Renato – que o obrigou a apresentar um atestado médico para justificar alguma demora na realização dos exames – não terá sido obstáculo para ser um dos melhores estudantes da turma.

“Apesar de ter direito a mais meia hora na realização dos exames nacionais, nunca se valeu muito dessa situação”, conta a professora. Atualmente, faltava-lhe uma cadeira para terminar o curso de Ciências do Desporto na Universidade de Coimbra.

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