Ainda e sempre: o Metro Mondego

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No início de 2011, escrevi que “o ruidoso silêncio” sobre o Metro por parte do Ministério das Obras Públicas era escandaloso e uma afronta para os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã. Pior do que isso era uma desconsideração e falta de respeito pelas pessoas, únicas destinatárias das políticas que se têm de implementar.

Quando escrevi o artigo anterior, noticiavam os jornais que o ministro e o secretário de Estado iriam receber os senhores presidentes das câmaras municipais e que o assunto estaria resolvido com mais ou menos atrasos, face às restrições orçamentais em ano de crise financeira e de controlo do défice público.

Houve mesmo quem começasse a desmobilizar na luta que teremos, todos juntos, de travar para pôr os carris no seu local.

Alguns amigos meus, que hoje me dão razão, aconselharam-me a esperar mais uma semana antes de falar na questão do Metro.

Não o fiz por quatro ordens de razão.

A primeira porque enquanto toda a Grande Região Centro não se afirmar e não reivindicar o mínimo de respeito do Poder Central, estará a permitir que tudo quanto é projecto e obras fiquem para trás, para poderem avançar nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.

A segunda grande razão, é que houve expropriações feitas que agora se tornam indevidas, há indemnizações a empreiteiros que terão de ser feitas e outras despesas que se arrastarão para anos seguintes, mas que serão sempre superiores ao investimento que neste ano teria de ser feito.

A terceira grande ordem de razão é que a existir esta atitude, deveria ter-se começado por respeitar as populações e os Autarcas, o que por si só demonstra o desnorte deste Ministério ao desrespeitar as mais elementares regras da sã convivência democrática.

E, pasme-se, não tiveram vergonha de vir a Coimbra Sul (ministro e secretário de Estado) inaugurar 3/4 kms de estrada, sem que tivessem a coragem política e responsável de avisar os autarcas e as populações do que se iria passar nos meses seguintes.

Se a decisão em relação ao Metro é de afronta, a atitude dos responsáveis da tutela ainda é pior e mais condenável.

A quarta ordem de razão pela qual eu mantive o meu artigo anterior e, hoje, escrevo este, é o simples facto de que não se pode pôr em causa a ligação ferroviária de Coimbra a Serpins, pelo simples facto de que já existia e foi o mesmo ministério que mandou arrancar os carris. A resposta que foi tornada pública pelo ministério aquando da reunião com os autarcas foi que se estariam a fazer novos estudos.

É a desculpa mais esfarrapada que já ouvi na minha vida e que é uma afronta à massa crítica de Coimbra. Então não há estudos sobre estudos há mais de 20 anos?

Será que o novo estudo passa por mais alcatrão e consequente solução rodoviária, eléctrica ou não?

Não se pretende que o Governo mantenha o calendário inicial, uma vez que todos os portugueses são chamados para se co-responsabilizarem em relação ao controlo da despesa pública, a fim de conter e diminuir o défice orçamental.

Não se pretende que, em ano de grave crise financeira, o Governo possa gastar o que não pode, nem deve para não comprometer as gerações futuras, mas com a devida equidade em relação a todas as Regiões e não só em relação ao Centro de Portugal.

Dito isto, estranho a atitude passiva de muitos agentes da sociedade civil de Coimbra e da Região Centro, como se este problema fosse só de alguns e não tivesse no futuro consequências em futuras situações que se possam vir a passar com a Universidade de Coimbra, com o tecido empresarial, com a agricultura da nossa região, com as ligações rodoviárias que se tornam imprescindíveis (IC 6 e Auto-Estrada para Viseu), etc, etc.

Honra seja feita ao Movimento Independente e à AAC que não se conformam e aos autarcas das três câmaras municipais que têm sido os únicos a fazer ouvir a sua voz.

Também neste aspecto, sente-se um “ruidoso silêncio” como se todos quisessem ser cúmplices de uma morte anunciada.

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