Os utentes da Linha da Lousã vão manifestar-se na próxima semana na autoestrada do norte contra a suspensão das obras do Metro Mondego que estavam em curso desde o início do ano.
O anúncio foi feito ao início da madrugada de hoje por uma comissão multipartidária dos concelhos de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra, que se reuniu para “analisar e aprofundar” as formas de luta a adotar contra a decisão do Governo.
“Antes do final do ano vamos realizar uma ação que coloque em causa a ligação Porto-Lisboa, de forma ordeira mas que condicione o trânsito”, sublinhou o porta-voz Jaime Ramos.
Segundo o antigo governador civil de Coimbra, os protestos têm como exigência fundamental mínima “uma ligação sobre carris entre Serpins (Lousã) e a Estação Velha (Coimbra), exatamente como existia antes do início de todo este processo do Metro Mondego”.
Desde o início do ano que estavam em curso duas empreitadas superiores a 50 milhões de euros, entre aquelas duas localidades, no âmbito do Sistema de Mobilidade do Mondego, que prevê a instalação de um metro ligeiro de superfície do tipo “tram-train” na Linha da Lousã e na cidade de Coimbra.
Em novembro, a Refer (Rede Ferroviária Nacional) ordenou aos empreiteiros das obras de requalificação em curso na linha, entre Serpins (Lousã) e Alto de São João (Coimbra), a supressão dos trabalhos relacionados com a plataforma da linha, assentamento de carris e construção da catenária, um investimento que rondaria os 13 milhões de euros.
“O Governo prepara-se para abandonar o projeto, mas depois de destruir o caminho férreo que existia deve repor uma ligação sobre carris”, disse o porta-voz da comissão multipartidária, que integra duas dezenas de pessoas, de várias sensibilidades políticas, residentes nos três concelhos abrangidos pelo Metro Mondego.
Jaime Ramos adiantou ainda que, para a primeira semana de janeiro, está prevista uma manifestação em Lisboa, com entrega de uma prenda simbólica ao primeiro-ministro, José Sócrates, que poderá ser um “conjunto de pedras que suportavam os carris que foram arrancados”.
Entre as várias formas de luta, está ainda em aberto o eventual boicote às eleições presidenciais que se realizam a 23 de janeiro.
No entanto, salvaguardou Jaime Ramos, estas ações estão ainda dependentes de uma reunião a realizar segunda-feira, em Miranda do Corvo, que pretende envolver o maior número de presidentes de Junta de Freguesia dos concelhos de Miranda, Lousã e Coimbra.
Pelo caminho ficou a intenção de despejar entulho das obras na linha da Lousã à porta da residência oficial do primeiro-ministro.
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