Por causa dos homens, a civilização já teve outrora que se reinventar. No tempo actual não há destruição e a dor não é causada pelo sofrimento físico. Mas há miséria e sofrimento e pobreza e vergonha. E estas são causadas por um flagelo preocupante que resulta de um país pouco produtivo onde o emprego escasseia.
A crise actual provocou destruições cirúrgicas de indústrias e sectores que por múltiplas razões não conseguiram sobreviver. O bem-estar resulta em larga medida do conforto e da segurança que proporciona o emprego. Para as pessoas, para os seus filhos, para apoio à geração que as precedeu e aos outros.
Devolve-se mais solidariedade por esta via, mais capacidade, mais disponibilidade.
Os valores da esquerda democrática e responsável atravessam tudo isto. Neste momento, basta-me a vinculação recíproca entre responsabilidade colectiva e solidariedade. E isso sobretudo porque em política não chega a conceptualização é preciso encontrar forma de concretizar os direitos dos cidadãos nas esferas do emprego, condições de trabalho, saúde ou educação. Julgo aliás que é nessa concretização que se encontra um dos caminhos para devolver a política (e os políticos) às pessoas.
É minha convicção de que os políticos de amanhã não poderão ser homens e mulheres de vãs promessas mas homens e mulheres de concretização. Criam emprego, não arranjam empregos. Criam bem-estar e cuidam dos outros e do futuro. Cuidam da sustentabilidade, palavra-chave das políticas públicas actuais, tão importante na segurança social como no ambiente e na gestão de quase todos os nossos recursos.
Li a preocupação de Mário Ruivo relativamente ao Metro Mondego e à prioridade que tenciona dar-lhe se ganhar as eleições à Federação Distrital do PS assumindo como estratégica a concretização do projecto.
No actual contexto, não estou certo que não será uma promessa vã. Percebo o impacto que tem no distrito e numa série de concelhos em torno de Coimbra. Mas recordar a existência de um compromisso entre o Estado e os cidadãos e acentuar que este não pode falhar não constitui uma solução pois será atribuir ao Estado a responsabilidade de nada fazer. E isso é apenas mais daquilo a que temos assistido nos últimos anos em Coimbra. Desculpabilização para nada acontecer.
Não vale a pena prometer aos cidadãos que iremos em Lisboa lutar por uma ideia que pode não ser exequível.
Valerá sim a pena prometer-lhes a apresentação de soluções credíveis nesta e noutras matérias, exemplos a seguir por outros municípios, geradores de emprego. Readaptar o projecto do Metro ao desafio da mobilidade eléctrica é uma das hipóteses.
Parece uma crítica ao Mário Ruivo. Não é. É uma exigência para um exercício de compromissos sérios, com base em tudo o que escrevi no início.
Porque o Mário Ruivo merece a confiança que tenciono dar-lhe.