Movimenta-se nas bases locais do partido com astúcia e eficácia reconhecidas. Foi vereador de Santana Lopes, dirigente do PSD concelhio e é primeiro-secretário da Assembleia Municipal. Azenha Gomes preside ainda à Associação de Coletividades do Concelho da Figueira da Foz (ACCFF).
Tem sido “voluntário à força”, na presidência da ACCFF…
Vou a caminho do quinto mandato consecutivo, isto porque não tem aparecido quem queira assumir uma candidatura à presidência. Os associados argumentam falta de tempo. De facto, é preciso percorrer o concelho, todos os fins de semana, e não resta tempo para a família. Mas a minha substituição terá de acontecer alguma vez. Para os dois últimos mandatos, não apresentei lista, e no último só apresentei a candidatura à terceira assembleia-geral. Fi-lo para não criar um vazio diretivo.
Existem 80 coletividades no concelho. Defende a fusão daquelas que se encontram na mesma localidade ou freguesia?
Não. É a “concorrência” positiva que mantém as coletividades vivas. Todas têm o seu espaço. Aquilo que nós apelamos é que, dentro da mesma freguesia, não haja vários espetáculos no mesmo dia, para não se atropelarem umas às outras.
A relação institucional entre a ACCFF e a câmara é melhor do que aquela que manteve durante o mandato anterior?
No mandato anterior, o titular do pelouro (José Elísio), por eu tomar determinadas posições político-partidárias – eram os dois do PSD – , não tinha uma boa relação comigo. Eu não misturo as coisas, mas ele misturou-as. Nunca discordei dos valores dos apoios da câmara, mas sim da forma como eles eram distribuídos. Não podia aceitar que a coletividade onde eu presido à assembleia-geral tivesse sofrido um corte nos apoios, de 1.250 euros/ano para 750, só por eu estar ligado à coletividade.
Entretanto, o atual executivo criou um regulamento para definir os critérios de atribuição de apoios. É um bom regulamento?
Acho que a ACCFF devia ter sido ouvida antes da elaboração do documento e não depois de estar feito. Este regulamento pode ter que sofrer algumas alterações, porque, de facto, tem uma carga burocrática excessiva.
Mudando para o campo da política, depois de 12 anos de poder, o PSD da Figueira já aprendeu a ser oposição?
Tem que saber ser oposição, porque tem que estar preparado para assumir o poder quando os figueirenses assim o entenderem. Não é fácil estar na oposição depois de ter exercido o poder durante 12 anos, mas temos que ser modestos, humildes e ter propostas credíveis para que os eleitores possam entregar, novamente, a governação do concelho ao PSD.
O PSD tem a responsabilidade histórica de viabilizar o Plano de Saneamento Financeiro da câmara (PS)?
Julgo que (o executivo e a oposição) devem chegar a um consenso. (A dívida criada pelo PSD justifica-se) com a obra que foi feita. Se calhar, deve ter havido uma ou outra opção que não devia ter sido tomado e a dívida não teria aumentado tanto nos dois últimos mandatos. Tivemos a resposta (disso) nas eleições…
Se tivesse sido a concelhia a escolher o candidato, teria escolhido Duarte Silva?
Teríamos escolhido outra figura, porque temos de ter consciência do desgaste. Duarte Silva até podia ter ganho as eleições, mas a campanha não decorreu como devia ter decorrido.
O que é que falhou?
Diversas coisas. Na minha opinião, Duarte Silva devia ter assumido alguns compromissos e responsabilidades para o futuro.
Pode especificar?
Devia ter feito promessas eleitorais exequíveis.
Mesmo conhecendo a situação financeira da câmara municipal, para a qual contribuíra?
Quem está à frente de uma câmara tem de tomar opções políticas, porque as opções técnicas ficam para os funcionários. A candidatura não teve uma estratégia política.