Pedra da Ferida: Cascata de rara beleza no Espinhal

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O final das férias no nosso “mundo” rural/urbano na Vila do Espinhal, depois de algumas visitas pelo País vizinho, foram para descansar e “expulsar” a fadiga do stress. A beleza sem par, em toda a freguesia, orgulho dos espinhalenses e dos penelenses, uma dádiva de Deus à nossa terra, semeando nela incontáveis maravilhas naturais, a que se associa o incomensurável património cultural inserto no maior e mais imponente templo da região, acrescido das quintas e palácios brasonados até às centenárias capelas, tradições, festas, costumes, Filarmónica, gastronomia e extraordinário centro histórico, constituem incentivo e estímulo para a nossa presença, dos conterrâneos e turistas nacionais e estrangeiros neste paraíso real, coração e alma do concelho de Penela.

Concluindo o nosso passeio, em parte descrito na crónica neste jornal, em 27/8, saímos da praia-fluvial, ladeámos o lugar da Louçainha, passámos nas Cancelas e Alminhas do Cabo e parámos no Miradouro da Serra de Santa Maria. Um relógio de sol e a imensidão do horizonte ofertam um maravilhoso e inesquecível cenário, ditando-nos a prodigalidade do Criador. As povoações semeiam-se em toda a infindável área visual. Como dizia a minha esposa aos nossos netos, daqui a plena afirmação que a Terra á redonda, que gira em torno do Sol e que estamos no centro do Mundo. E, nesta alusão, mostrou aos nossos descendentes que Galileu tinha razão, porque a linha do horizonte é mesmo esférica e o relógio de Sol confirma os movimentos de rotação e de translação.

No dia 26/8 rumámos para nova visita, com a esposa e netos, até à maravilhosa Cascata da Pedra da Ferida, de que elaborámos uma monografia em 1987, esgotada. A Cascata é uma pérola da Natureza, tal a força criativa que dela se desprende, tal a mística do bosque que a moldura. Um local que nem todos, infelizmente, respeitam, violando os valores ali existentes, como tivemos oportunidade de ver. Os vândalos ainda permanecem activos, decepando loureiros, azevinhos, fetos gigantes, ramos de castanheiros, matando lesmas, partindo bens úteis ao visitante. O caminho, felizmente, dificulta o acesso pela rudeza dos acidentes naturais e impede o automóvel de lá chegar, se não …

Para a visita é obrigatório partir da Vila do Espinhal. No percurso acontece o deslumbramento pela diversidade encantadora que se projecta a todo o momento. Desde o silêncio de oiro apenas interrompido pelo sussurro da água da Ribeira da Azenha e canto das aves, até à frescura das sombras e imponência das escarpas, ao esqueleto das velhas azenhas e pisões, ao saltar dos gafanhotos e danças das libelinhas, às seculares e diferentes espécies arborícolas e a outras riquezas que a sensibilidade de cada pessoa sabe encontrar e usufruir. E, depois de ultrapassar os obstáculos naturais, atravessar a ribeira, “descobrir” as trutas e beber a fulgurância deste bosque sagrado, de repente, surge imponente e sedutora, misto de surpresa e admiração, a queda de água que se derrama, impetuosa, da altura de 32 metros, tendo construído um enorme poço e edificando outro mais pequeno. É o prazer espiritual, a sofreguidão de ser “baptizado” nas suas águas. O tempo esquece-se. Estamos no paraíso real.

Depois o regresso, mais difícil, pela verticalidade do estreito e improvisado caminho, que os burros dos moleiros planearam para chegar aos moinhos, carregando os donos e o cereal, e que o clima de anos foi tornando mais difícil, quando os burros e os moleiros abandonaram as azenhas e os moinhos devido à era da tecnologia. Mas, ao chegar ao sopé do bosque, um parque com mesas e cadeiras permite recuperar as forças.

A finalizar a bela aventura trauteia-se a quadra popular: “Pedra da Ferida, cascata/Mistério de água pura/ A água nunca lá seca/ A ferida nunca se cura”

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