Há muito que venho a defender que Coimbra, sem olhar exclusivamente para o seu umbigo e sem qualquer tipo de bairrismo serôdio, mas em colaboração com todos os outros distritos desta Grande Região Centro, precisa de afirmar a sua capitalidade.
A primeira regra que devemos adoptar é verificar das necessidades mais gritantes da região e não se valorizar este ou aquele interesse mais pessoal e comezinho.
Esta tarefa será um acto de cidadania para esta grande região que pretende, a justo título, competir com as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Logo, qualquer tipo de divisão entre partidos políticos e até dentro dos partidos, enfraquece o nosso poder reivindicativo.
E, não se julgue que é com uma mera troca de líderes nacionais e/ou distritais/concelhios que se resolve o problema.
Todos sabemos, pelo menos os mais interessados, quais são as nossas fragilidades:
Rede viária, desde logo o IC6 para a Covilhã e a auto-estrada para Viseu; a conclusão do IC3 até Tomar, entre outras;
Falta de incentivos autárquicos e nacionais para a fixação de empresas, nomeadamente através de uma plataforma logística;
Melhoria da rede ferroviária que tarda a chegar a algumas cidades, como Coimbra, Viseu e Leiria;
Requalificação de algumas unidades hospitalares de maior densidade populacional, como é o exemplo de Águeda;
A concretização de um (dois) aeroporto (s) na Grande Região Centro é outra das nucleares necessidades desta região, em todas as vertentes: negócios, cultura/conhecimento e turismo que é transversal a todos os ramos da economia.
Não vou continuar a dar exemplos sob pena de falhar num estudo rigoroso que tem de ser feito. É desta forma que podemos reivindicar a capitalidade de Coimbra, sem deixar esquecer o que ainda falta de essencial à nossa urbe.
Vem isto a propósito da recente inauguração “com pompa e circunstância”, que o ministro das Obras Públicas e o seu secretário de Estado que é militante da Federação de Coimbra do PS, de um troço de três quilómetros, claro que não me enganei, repito três quilómetros, do itinerário do IC2 a sul de Coimbra.
Dois membros do Governo para inaugurar três km, significa que Coimbra só perde em ter membros no Governo, ou em alternativa, dispuseram-se a acompanhar o sr. presidente da Câmara, dr. Carlos Encarnação, tendo em vista os próximos actos eleitorais.
Só espero que o presidente da Câmara de Coimbra tenha aproveitado a oportunidade para exigir a estes membros do Governo a conclusão das obras do Metro Ligeiro de Superfície que servirá no futuro três concelhos, Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã.
Já agora, espero que estes membros do Governo nos visitem, a curto prazo, para nos dar a boa nova do início da obra de requalificação do “apeadeiro” da Estação Velha.
Francamente, sem qualquer visão da região Centro, sem se comprometerem com outros projectos fundamentais para Coimbra e região, é um insulto aos conimbricenses virem dois membros do Governo para a “magnânime” pavimentação de três km.
Sou sincero, estou convencido que os conimbricenses são acolhedores e hospitaleiros, mas não gostam que os façam fazer figura de tolos.
Arrisco-me a dizer que, principalmente, na política não vale tudo.